segunda-feira, 18 de maio de 2015

ME DEIXE MORRER EM SEATTLE

VII



Ela ouviu passos do lado de fora, medo, a porta se abrindo, a figura repugnante do bispo adentrando com outros dois homens que ela nunca tinham visto, não eram os mesmo que a tinham levado para lá.
-Como vai jovem? Espero que esteja aproveitando da nossa hospedagem, nossa suíte é do seu agrado?
Ela não respondeu, permanecia olhando para o homem, impassível. Estava apavorada, mas não ia demonstrar isso para aqueles porcos, na verdade estava tentando fazer a mudança, se conseguisse agora, conseguiria estraçalhar todos eles de uma só vez.
-Não perca seu tempo doçura, você não vai conseguir virar um monstrinho agora. Falava entre dentes, se aproximou, e puxando seus cabelos com força a forçava a olhar para ele.
-Coloquei uma dose extra em você, não vai virar porra nenhuma aqui, ela podia sentir se hálito de vinho e cigarros, completamente nojento, vindo daquele homem, ele lambeu seu rosto, rindo de forma maldosa.
-Vamos fazer você implorar para acabar com a sua raça, você vai entender o que é sentir dor querida, e puxava com mais força seus cabelos, forçando sua cabeça para trás machucando.
-Tirem a roupa dela, deixem sem roupa por uns dias, diminuam a temperatura.
-Com prazer chefe, vou adorar tirar as roupas dela. Começaram a puxar seu vestido com força, ela não ofereceu resistência seria pior, ele aproveitavam para acariciá-la, as mãos deslizavam pelo seu corpo, em todos os lugares, quando arrancaram sua calcinha, era visível a excitação dos dois idiotas, um deles pegou sua mão e a forçava a esfregar seu pênis.
-Sente gatinha, olha só o que te espera, vou enfiar tudinho em você, falava, com a voz baixa, excitado, asqueroso. O outro estava arrancando seu sutiã e apertava seus seios, com força, enquanto se esfregava em suas costas, o bispo observava, achando graça, fumava um de seus cigarros compridos, parado na porta observando enquanto os homens faziam o que fora mandado, um deles estava agora chupando os seios dela. Ela apenas fechava os olhos e pensava, isso é apenas o começo, é o melhor que pode me acontecer.
-Chega, deixem a vadia agora.
-Puxa chefe! Agora que eu tô no ponto, eu ia fazer ela dar uma chupada.
-Nada disso seu idiota, se eu souber que alguém apareceu aqui sem minha ordem e tocou nela sem que eu ordenasse, vai acertar as contas direto comigo entenderam? Falava com expressão tão feroz, que nenhum deles ousaria desobedecer.
-Saiam, me deixem falar com ela a sós.
-Mas chefe, ela é perigosa, não é?
-Saiam! - Um grito apenas.
Se aproximou, agachou-se perto dela novamente, viu que ela se encolhia.
-Estar nua diminui a coragem não é mesmo? Ria com sarcasmo.
-Uma cadela desprotegida, nua, parece até frágil quando se olha assim, eu podia pegar você agora.
-Não faço o seu tipo, prefere as que ainda não atingiram a puberdade, não é? Gosta de machucar seres mais fracos, de ver a dor nos olhos.
 Aquilo o deixou com raiva, desferiu um tapa no seu rosto com toda a força de que era capaz.
-Cadela, vagabunda de merda, você, a vadia, do rei dos becos, a amante do demônio, a meretriz que seduziu o próprio irmão, tem um outro homem com quem se deita, uma vagabunda, drogada, um demônio, monstruosa, como ousa.
-Pedófilo de merda.
Desferiu mais outros tantos tapas no rosto dela, sua raiva era enorme agora.
-Pedófilo, pederasta, sádico.
O bispo se levantou, ajeitou suas roupas, estava descomposto, tentou pareceu normal.
-Você ainda está viva, porque estou esperando o demônio chegar pra te resgatar, apenas por isso, senão, já estaria me deliciando em usar meus mais variados instrumentos em você, e fazer você urrar, mas logo farei, estou apenas esperando um pouco mais, a espera, é uma das melhores formas de tortura sabia? Pode enlouquecer. Talvez eu mande meus rapazes virem brincar com você depois, eles ficaram loucos pra fazer coisas com seu corpo maldito.
Falou isso com desprezo, como se fosse uma criatura superior, se aproximou dela, ficou encarando por segundo e por fim cuspiu em seu rosto. Levantou novamente.
-Cadela do diabo, você não imagina o que te espera.
Saiu da cela, ou que quer que fosse aquele lugar em que a haviam colocado, agora ela estava completamente desprotegida, nua, com frio, o lugar era úmido, sabia que agora as coisas iam começar a se complicar.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

ME DEIXE MORRER EM SEATTLE

CAPÍTULO VI


VI



Ela sentia tanto medo, tudo de novo, não era possível, dessa vez estava sozinha, Layne, não estaria ali para ver, seria mais fácil de suportar.
E pensar que Eddie a estava esperando, talvez imaginando que o abandonara, ah, não podia suportar, só de pensar isso, sua dor era maior do que qualquer coisa que pudessem fazer ali com ela, pensar que Eddie pudesse ir embora da cidade, esquecê-la, sentir raiva, pensando que ela preferira ficar com os outros, desespero. Nunca iriam achá-la, nem mesmo Scott. Nenhum barulho, nem passos, nem vozes, nada, só esse barulho de água correndo pelos canos, esse frio.
-Acho que dessa vez vão me matar mesmo, que merda, Eddie...Layne.
Só conseguia pensar que logo eles chegariam e começariam tudo outra vez, ainda se conseguisse se transformar e acabar com todos eles, mas eles tinham aquele porcaria que a deixava paralisada, como será que tinham conseguido aquilo? Quem tinha criado essa merda e entregado na mão desse maldito fanático alucinado?
-Se eu soubesse quem, acabaria com ele com minhas próprias mãos, seria um prazer.
 Não sabia se era dia ou noite, nem há quanto tempo estava lá, parecia uma eternidade, não tinham deixado nem água para que ela bebesse, primeiramente iam usar a tortura psicológica, provavelmente, iam tentar atrair Scott, talvez estivessem reservando seu corpo, como sobremesa apenas, e Scott fosse o prato principal, ela seria a isca, sabiam que tentariam achá-la, que de alguma forma, Roberto e Scott já deveriam estar nas ruas em busca de informação, mas quanto ao Eddie, meu Deus, o que vão dizer a ele? Seu querido amor seria envolvido nessa sujeira toda, de uma forma ou de outra, ela sabia que agora, ou ele partiria de vez, ou estaria no meio da confusão.



As retaliações eram mútuas, a cada ataque do bispo contra um travesti ou uma prostituta, na rua, Scott mandava seus homens destruírem os homens do bispo, tentava evitar que inocentes fossem atacados, mas as vezes era inevitável, uma parte da população já parecia zumbis, sob efeito do godsmack, a coisa reagia de formas diferentes, afetava partes do cérebro desconhecidas, nunca se sabia o ia acontecer com cada indivíduo, o que se podia observar com certeza, era que, quanto mais ignorante e com instintos violentos a pessoa tivesse, mais animalesca seria a forma desenvolvida da reação à droga. Na verdade isso é uma coisa que acontece com relação à qualquer droga ou mesmo com relação à bebida, as substâncias apenas fazem aflorar o que cada um tem dentro de si, a diferença básica é que o godsmack trazia a mudança física, que era o gancho que o  bispo precisava para mostrar ao povo o dedo do diabo, e provar que suas palavras eram verdadeiras, que o demônio estava andando pela terra e amealhando as almas perdidas, formando seu exército infernal para trazer enfim o inferno para cima e reinar.
Costumava expor as pessoas deformadas pelas alterações da droga na frente no palco de seus templos, durante os cultos, e dizia curar aquilo, com seu poder vindo dos céus, o que aquela gente incrédula nunca poderia imaginar, é que aquela alteração poderia ser momentânea, como Scott e os outros costumavam usar, era apenas uma questão de aprender a controlar os batimentos cardíacos e a respiração, manter o controle de certas funções corporais, para reverter a mudança ou criá-la, as vezes, um momento de raiva era suficiente para a explosão acontecer, o maldito bispo se aproveitava da ignorância para manter o medo  na mente das pessoas, e com suas palavras ia controlando a pessoas na frente do público maravilhado, que via, estupefato, aquela pessoa deformada ou endemoniada, voltando ao normal, recobrando  a consciência, e por conta da dor que sofreu por dias ou semanas, incapacitada de se manifestar ou de claramente dizer qualquer coisa, sem saber como estava voltando ao seu estado normal, considerava aquilo um milagre do santo bispo e de toda aquele circo armado.
Aquilo vinha se espalhando a largo,  o poder milagroso do santo bispo, ele livrava qualquer pessoa do domínio do demônio, era como estar vivendo na idade média, e ver que depois de tanto séculos e tanta evolução a ignorância humana continua exatamente quase no mesmo patamar daquela época, de nada adiantaram, tanta evolução na medicina, tecnologia e tudo mais,  o ser humano ainda é  uma criatura crédula, medrosa, apegada  ao medo, às crendices religiosas, e qualquer coisa que aconteça, que altere a normalidade dos acontecimentos, passa a ser considera uma coisa demoníaca, sempre será mais fácil atribuir a culpa de tudo na conta do diabo, o pobre coitado, sim o diabo é  um pobre coitado, que leva a culpa por todo o mal que o homem pratica, o diabo foi criado para que o homem pudesse passar sua culpa para alguém e alegar para si mesmo, que todo o mal, todos os atos hediondos que cometeu em vida, foram motivados, por uma força maior, que o obrigava  a fazer aquilo,  para justificar sua natureza malévola, para aliviar o peso da sua primitividade natural, que apesar de séculos e séculos de evolução da raça humana, o homem na terra ainda é um ser primata, cheio de instintos animais, que por força de religiões e outras convenções, é obrigado a esconder, e que por sua vez acabam se tornando, taras, psicoses, esquizofrenias , que são manipuladas por pessoas ainda piores como os bispos que usam e alimentam ainda mais o mal humano, transformando em culpa tudo o que cada ser carrega escondido dentro de si.
Era o que o asqueroso bispo fazia melhor em sua seita.




A batida na porta era de certa forma inesperada, as pessoas não costumavam aparecer na sua casa sem aviso prévio, era uma regra, aquilo o deixou, de certa forma alarmado.
Como estava fumando ali na sala mesmo, foi abrir com um certo sobressalto, e qual não foi sua surpresa ao ver a pessoa para diante na soleira.
-Imaginei que ia me procurar, mas não que apareceria aqui em pessoa. Era Eddie, sabia que ele estava lá por causa do desaparecimento de Penny, foi a atitude que mais relutou em tomar em toda a sua vida, procurar o homem que mais detestava, mas que era o único que poderia dar notícias, ou ao menos indicar o paradeiro dela, ou seus últimos passos.
-Eu se pudesse não estaria aqui, mas como deve saber, ela não retornou, e pelo que sei, não está aqui também, o irmão me procurou, foi atrás dela, então, se nem ele sabe onde ela está, é sinal de que algo aconteceu, e só você pode me dizer o que está acontecendo.
-Não é assim tão simples.
Eddie deu uma risada irônica.
-Claro que não é tão simples, essa merda toda que vocês vivem, toda a bagunça, o inferno que virou essa cidade, esse lixo que vocês usam, e agora, está sendo espalhado por todo lugar, as coisas que estão aparecendo por aí, um verdadeiro inferno!
-E obviamente a culpa de tudo isso é minha, e isso que você está me dizendo, não mesmo? eu que estou fazendo isso, criando as aberrações, fazendo a merda toda.
-Olha aqui, não vim ficar debatendo porra nenhuma com você preciso saber onde ela está, o que está acontecendo, eu quero que todo o resto se foda, se ela estiver em apuros, preciso saber entendeu?
-Veja, as coisas estão um pouco complicadas agora, e não vou hesitar em tirar você do caminho, preciso me concentrar e tomar providências com todo cuidado, ela está em perigo sim, em grave perigo, não posso precisar o que está acontecendo, não vou mentir pra você, mesmo porque, me agrada ver você sofrendo, me tirou ela, agora vem aqui e quer que eu preste contas, e de dê satisfação.
Eddie estava tão transtornado que não conseguia dizer nada, apenas olhava para Scott estupefato, sua raiva se acumulando, sua vontade era matá-lo ali mesmo, como ele podia dizer assim na sua cara, que ela estava em perigo, e continuar assim impassível? Como se não fosse nada? 
-Eu preciso que me diga exatamente o que está acontecendo. Sua raiva era tão intensa, que falava baixo, se explodisse agora, provavelmente Scott o pusesse pra fora a ponta pés, tentava manter o controle, apesar do desespero.
Scott, queria provocar, permaneceu frio, foi até um armário que tinha na cozinha, tirou dali uma caixinha metálica, Scott costumava deixar caixinhas como essa espalhada por todos os cômodos da casa, tirou seu pó, como sempre, preparou  seus tiros e aspirou, seus olhos assumiram o brilho feroz que a droga proporciona, a arrogância, que já era uma coisa natural, ficou mais estampada em seu rosto, fez sinal ao outro oferecendo a droga, ao que o Eddie, com raiva, recusou, Scott retomou a conversa.
-Já estou tomando minhas providências, fique tranquilo.
-Eu quero dessa vez, estar dentro da coisa.
-Você não pode, não conseguiria fazer o que tem que ser feito, vou mandar meus rapazes te levarem pra longe daqui por um tempo, assim que eu tiver notícias dela, peço pra buscarem você.
-Você não pode fazer isso cara.
-Posso, não posso colocar o brinquedinho da minha criança em risco, apesar de você ser como a gente...
Scott falou propositadamente, estava cansado de ver essa proteção, ia jogar Eddie no meio da fogueira, que se dane, não ia mais proteger essa cara, porque deveria? Para ficar vendo sua garota amando seu rival? E ainda por cima ficar protegendo para que nada acontecesse com ele? Não faria mais isso, ele que encarasse a realidade.
-O que você está dizendo? Que merda é essa agora? 
-Estou dizendo, que sua amada, não é assim tão sincera com você, que agiu pelas suas costas, que fez você ingerir nossa droga, e você tem aí dentro alguma coisa, nunca sofreu nenhuma alteração? Nunca teve nenhuma mudança, percepção ou qualquer coisa diferente no seu corpo?
Eddie já não escutava mais o que Scott estava falando, apenas sua cabeça estava repassando fatos ocorridos, coisas que haviam acontecido, ele tinha visões, seus instintos eram apurados, mas ele considerava tudo apenas coincidências, confusões, sonhos, nada que pudesse ser levado em conta, achava na maioria das vezes que eram puro instinto ou até mesmo imaginação.
-Não pode ser, ela...não faria...eu...
-Faria, como fez com o irmão quando quis fugir daqui, fez o irmão virar o monstro que é, aquele garoto completamente louco, é um monstro, e foi ela que fez ele ficar assim, o irmão que ela ama, e você, o amor da vida dela, falava isso com tom de desprezo, ela garantiu que você se tornasse forte e resistente, encare os fatos, ela é má, cruel, ela é tão monstruosa quanto, bem, quanto pode ser.
Eddie andava pela cozinha, eles nem tinham ido para outro lugar da casa, a conversa tinha se desenrolado ali mesmo, Scott, cheirava novamente, tinha tido sua vitória, conseguira, deixar seu rival, ali desesperado, sabia que não era o momento adequado, mas não teria outra chance como essa de atacar o homem que de certa forma tinha levado embora a única mulher a quem tinha dado real valor ou amor.
-Agora vá embora, preciso sair, as ruas estão um caos, preciso tomar providências, meus homens estão sendo mortos todos os dias, os fanáticos estão nas ruas atacando tudo e todos, pregando que o demônio está a solta, você não tem visto?
Eddie ainda não tinha aceitado tudo que fora dito, ainda não engolira as palavras cruéis, foi em direção a porta, sem dizer nada, andava sem parecer saber para onde estava indo.
Essa pequena vitória, tinha um gosto amargo para Scott, sabia que depois se voltaria contra ele, se as coisas acabassem bem.
-Achei que precisava saber, não era certo passar a vida achando que ela era sua princesa encantada, ela não é, ela é um bicho, como eu e os outros não adianta fingir que não vê.
Eddie continuou andando sem olhar pra trás, não queria mas ouvir.

Continuava caminhando, foi até seu carro, não tinha forças nem para abrir a porta do veículo, chorava, sua tristeza era pela fato de sua amada estar desaparecida, talvez morta, e agora pelo fato de saber, que ele tinha dentro de si o veneno, e que havia sido dado a ele pela mulher da sua vida, por seu amor, porque ela havia feito isso? Porque nunca tinha contado? Ele sabia que ela tinha todo um lado escuro na sua vida, ele podia ver com os olhos da mente, ele tentava não enxergar aquelas coisas, ele sabia da história dela com aquele cretino, e aceitava aquilo, sabia da estranha relação com irmão, mas sabia também que seu por  ele era verdadeiro, ela já tinha dado inúmeras provas de que o amava realmente, sabia que ela era uma mulher diferente estranha até, que tinha essas ligações com esses dois homens, que faziam parte da sua vida, até mesmo com Roberto,  ele aceitava tudo aquilo, ele entendia, que ela era uma pessoa diferente, e isso era a maravilha, ela não era uma dessas mulheres choramingas românticas, que precisam estar sempre ouvindo que são amadas, e ficam vigiando você, pra saber o que está fazendo e com quem, não ela era uma mulher que exercia um fascínio diferente, era louca, e calada, e nunca escondera sua relação com Scott, uma relação meio doentia, e seu irmão, uma coisa estranha e mais forte que tudo, ela aceitava as pessoas, sem questionar. e quando se conheceram, foi como se o mundo tivesse deixado de existir, Eddie nunca se esqueceria daquele dia, ela parecia frágil, perturbada, mas estava sentada quieta, sozinha, parecia estar tentando passar despercebida, mas ela era como um raio de sol ali, e ele precisou ajudar, iam levar ela, aqueles caras, ela olhava em desespero para os lados tentando uma maneira de escapar, quando Eddie se aproximou fingindo ser um amigo, aquilo fez com que os homens ficassem confusos, e Eddie aproveitou o momento e a tirou dali, a levando para um lugar movimentado, onde eles não poderiam agir sem chamar demais a atenção. Aquilo tudo girava em sua cabeça, que doía, sua raiva era tão imensa, entrou no carro, tentou manter o controle, enfim conseguiu ligar o carro e partir em direção à sua casa.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

V



O bispo, havia sido um belo homem, porem com o tempo, acabou se tornando uma criatura abjeta e nojenta, o uso do godsmack, talvez, tenha deformado seu caráter e seu corpo, ou tenha apenas revelado o que ele possuía em seu interior, e trazido pra fora toda a imundície da sua alma pervertida  e fanática, tinha hoje aspecto macilento, oleoso seu rosto tinha marcas originadas de feridas ou pústulas, como varíola, sabe-se lá, tinha engordado pelo menos trinta quilos ou quarenta quilos desde que deixara Scott, depois que desapareceu ninguém teve notícias por anos de seu paradeiro, reapareceu com sua seita, pregando essa coisa, que ele chama de religião, dizendo que o demônio anda na terra, não muito diferente de outras religiões por aí, mas o que o difere dos outros, é que ele carrega consigo o godsmack, que distribui, entre os fiéis, como o milagre, que vai livrar a terra do demônio, o demônio que segundo ele é um belo homem, que carrega consigo uma legião de belas pessoas, que se drogam, são fortes, quase indestrutíveis, e disseminam a prostituição, o crime, e todo o mal que há na cidade hoje em dia. E ele o guerreiro da glória divina está disposto, junto com seu exército eleito a exterminar a todos eles, sem piedade, com crueldade se preciso for.
O bispo esconde, de seus fiéis cegos e ignorantes,  toda a sua sujeira, toda sua perversão, e seus gostos por crianças indefesas, e coisas mais estranhas ainda, difíceis de serem imaginadas por pessoas comuns, ele descobriu que se distribuísse o godsmack em pequenas doses, conseguia fazer as pessoas desenvolverem medos e paranoias, e assim conseguia fazer com que ficassem sem discernimento, dessa forma  ele consegue controlá-las, e dizer que tudo o que elas estão sentindo é culpa do demônio, ele está fazendo coisas, deixando as pessoas violentas, com vontade de fazer sexo bizarro, com pensamentos ruins, e outras coisas, ele penitencia os fiéis com crueldade, usa de violência, aplica castigos, os prende em jaulas, como formas de mostrar a purificação em público.
Quando seus homens chegaram com Penny, ele estava num desses seus momentos de "diversão", com uma garota de no máximo doze anos, ele a obrigava a chupá-lo, a garota chorava, ele puxava seus cabelo com força, e a obrigava a engolir o membro inteiro a fazendo engasgar, ela soluçava, ele gemia de prazer vendo o desespero da garota, e dizia baixo que era para que ela se purificasse, que nunca mais roubasse.
-Vamos, criança, chupa, e se purifique, seja abençoada! Ele gritava! Em seguida levantava a garota com violência e a jogava num sofá, abrindo suas pernas e começando a lambê-la como um animal, nesse momento as batidas na porta.
-Maldição! quem é o maldito filho da puta! Abriu a porta.
-Desculpe interromper bispo.
-Foda-se, agora já brochei, foi até a garota, e a puxou.
-Levem embora, deem dinheiro suficiente pra ficar quieta, ainda vou querer terminar o que não fiz nessa daí.
-Trouxemos a garota.
-Ótimo, vamos deixá-la isolada por uns dias, pra enfraquecê-la, sabemos que aquilo é um monstro, não podemos vacilar, colocaram, ela onde eu mandei?
-Sim, bispo, está lá embaixo, completamente isolada, ninguém vai achar ela nunca, ela pode gritar pro resta da vida, não tem como descobrir onde ela está.
-Bom trabalho rapazes, bom trabalho, podem se divertir com uma garotinha hoje, ou o que vocês quiserem garotinhos, a porra que quiserem, a maldita orgia que quiserem, escolham.
-Obrigado bispo.
Os capangas não cabiam em si, fariam a farra, sabiam que quando o bispo liberava a farra, entregava pra ele, crianças, meninos e meninas, eles faziam o que queriam, machucavam, queimavam, torturavam, drogavam, violentavam, eram uma diversão.
Esses homens eram criaturas, da mais baixa espécie, treinadas pelo bispo para agir como torturadores, e sentir prazer, foram criados para isso, sentiam prazer, quanto mais frágil a criatura em suas mãos, maior o prazer que sentiam, seus cérebros foram preparados, uma monstruosidade sem fim.



As ruas estavam agitadas, as notícias estavam circulando sobre os ataques aos travestis, pensava-se de início que eram ataques ocasionais de algum maníaco, mas depois foi preciso avisar ao pessoal das ruas que era uma retaliação dos fanáticos, que seria preciso tomar cuidado, que o contra-ataque ia começar também, que os fanáticos sofreriam ataques, perigo nas ruas. Scott era impiedoso, ainda mais quando sofria ataques da forma como estavam acontecendo, ele mostrava todo seu lado animal.
Scott estava circulando pela cidade, pelos cantos, como ele costumava dizer, queria ver como as coisas estavam, saber o que andava acontecendo, quem estava nas, enfim se inteirar dos assuntos, sempre fazia isso.
Por acaso, encontrou com Roberto, que estava com um grupo de travestis na rua, pareciam inquietas e agitadas, falando alto, todas falavam ao mesmo tempo, quando viram Scott se aproximando, aquietaram-se aos poucos, e procuram se dispersar discretamente.
-Veja se não é o homem mais delicioso dessa cidade. Roberto sempre tinha palavras lisonjeiras e brincalhonas para Scott, mesmo em situações de conflito, eram amigos, tudo que já tinham vivido, Scott também "criara" Roberto, o trouxera junto com os irmãos, Roberto era mais velho que os outros dois. Scott tinha um laço de amizade diferente com ele, era mais confidente e conselheiro, depois de muitos conflitos estabeleceram uma amizade sólida, Scott salvara a vida de Roberto diversas vezes, e Roberto também por assim dizer, dedicava lealdade a Scott.
Fora Roberto quem sugerira que deviam criar seu exército com as minorias, trazer essas pessoas marginalizadas para estarem ao seu lado, sabiam que o bispo tentaria destruir todos eles, e  se essas pessoas soubessem que tinham alguém a quem recorrer, um espécie de protetor, eles seriam como soldados, dispostos a morrer defendendo as ruas e seus irmãos nessa maldita batalha que aquele fanático infernal e lunático resolvera travar, o godsmack deve ter destruído sua razão, afetado aquela cabeça de merda.
-Hey garota como está, se divertindo muito?
-Sabe que não me divirto mais ultimamente, agora sou uma "mulher de negócios", preciso cuidar dessas crianças perdidas, vejas quantas estão jogadas nas ruas, olhe como o estão aumentando, cada vez mais, fumando pedra, virando zumbis, morrendo pelos cantos.
-Sim, tem acontecido muito mesmo, tenho tentado tirar essa merda daqui, mas os filhos da puta do bispo se encarregam de espalhar cada dia mais, se deixassem só o pó seria mais fácil de lidar, essa merda dessa pedra, porra, não dá, ainda mais agora, que ele está usando godsmack nas igrejas, agora está fodendo tudo de vez.
-Você tem certeza? Ele está usando mesmo?
-Absoluta, as ondas de violência gratuitas, em mulheres comuns, pais de famílias, tudo gente da igreja dele, você não tem percebido?
-Na verdade não, estou mais preocupado com as meninas nas ruas, e o que elas vem sofrendo.
-Estou sabendo, por isso estava dando meu giro.
-Sei que você não ia deixar as crianças abandonadas.
-Não, não vou deixar, precisamos começar ir atrás dos caras, começar a arrebentar com o bispo, botar pra foder, como se diz por aí.
-Esse é o Scott que eu conheço.
-Vamos precisar usar nossas capacidade de alteração, está disposto viado?
-A sentir todas aquelas dores, e aquelas coisa circulando no corpo com o nosso godsmack? Ele ria alto. Adoro, estou mais que preparado.
-Tem mais uma coisa.
-Diga meu bem.
-O bispo pegou ela.
O pavor no rosto de Roberto era indescritível, ficou pálido na hora, sua boca entreaberta não emitia nenhum som.
-Vamos precisar agir com cuidado, eles estão com ela, e a coisa é muito delicada agora.
-Eu...eu...não acredito...porque você demorou tanto pra me dizer?
-Exatamente por isso.
 -Você sabe o que podem estar fazendo com ela nesse exato momento?
   -Se eu conheço bem aquele cretino, ele ainda não começou, ele está deixando ela pra um momento especial, falava isso com raiva contida.
-O Eddie, o que vamos fazer com ele?
-Ainda não sei, minha vontade é de dar fim nele, pra acabar com essa história também.
-Não seja idiota, ela mataria você se você tocasse num fio de cabelo dele.
-Eu sei, e isso é o que mais me irrita, ter que cuidar dele, por ela.
-Ele nem sabe que tem pequenos dons.
-Você está me dizendo que ela...
-Sim um pouco, pra deixar ele meio protegido, sabe como é, ela tem medo que algo aconteça com ele, ela fez ele ingerir sem saber, ele deve ter desenvolvido alguma coisa mas não sabe.
-Caralho!
-Bem, meu querido, precisamos agir, você vai procurar o filho da puta?
-Sim, é nisso que estou pensando agora.
-Mas então, primeiro temos que pensar o que vamos fazer com o Eddie, ele vai me procurar com certeza.
-O problema, é que o idiota do Layne foi lá, na casa deles, procurar pela irmã, e deu margem para a desconfiança do outro, percebe agora? Que qualquer coisa que façamos ele vai desconfiar, ele vai querer falar com ela, perguntar onde ela está, o cara não é um idiota completo.
-Porque você o menospreza tanto assim? Porque ele a tirou de você? É isso?
-Cala essa boca viado do caralho! Ele não me tirou nada, ela nunca me deixou de verdade, ela sempre volta, ela está sempre comigo, ele é só o cara bonzinho, que encantou ela.
-Não é bem por aí, sabemos bem disso.
-Olha, aqui, Scott estava começando a ficar irritado, não vamos ficar aqui discutindo sentimentos, não é hora pra isso, não vê? Preciso pensar e você tem que me ajudar, mais que porra! A minha vontade é de invadir aquela merda que ele chama de igreja, arrebentar com tudo.
-E acha que fazendo isso ele ia te entregar ela.
-Sei que não.
-Vou pra casa, o garoto está lá, você procure o brinquedinho e faça o que achar melhor, não quero saber, apenas mande ele ficar quieto e esperar, se eu precisar, vou mandar meus rapazes levarem ele a força daqui entendeu? Deixe isso bem claro pra ele, ele nunca quis se envolver com a gente, bem, agora é a hora dele ficar bem longe e me deixar agir. Virou as costas e saiu, sem mais. Roberto sabia que esse era o jeito de Scott finalizar as ordens, e que sua palavra era definitiva, ele teria que dar um jeito de controlar Eddie, e fazê-lo ficar a salvo, se se envolvesse agora, seria aniquilado num piscar de olhos.
Scott caminhava rápido, fumava um cigarro, foi em direção a seu carro, dirigia veloz, chegou em casa, procurou por Layne, não o encontrou nos cômodos debaixo, sabia que deveria estar lá em cima provavelmente usando alguma merda qualquer, ele era completamente descontrolado, talvez agora com sua irmã refém, não conseguisse mais, talvez tivesse chegado no limite e estivesse tentando dar cabo da própria vida, já tentara tantas vezes, o rapaz era tão forte, nada do que ele tentou dera certo, quem sabe se cortasse o pescoço, talvez o ajudasse uma hora dessas,  o amava demais para  conseguir fazer isso, e ainda não tinha conseguido o que queria tanto.
Subiu, procurando pelos vários quartos da casa, encontrou Layne em um deles, estava realmente jogado numa cama, mas não parecia estar drogado ou nada parecido, ao contrário, estava quieto, mas não dormia.
-Layne.
-Sim, estou acordado, não posso fechar meus olhos sem imaginar por um segundo sequer onde ela pode estar, e o que estão fazendo com ela agora. Começou a chorar.
-Acalme-se, ela deve estar em algum lugar, como reserva de negociação, mantenha a calma, ok?
-Aquele verme, não é tão burro assim, ele não ia usar seu maior trunfo na primeira jogada, ela será sua última carta.
-Pode ser, mas eles podem estar machucando ela, como das ouras vezes, ela não vai suportar mais isso Scott.
-Sei, me lembro o que você da última vez, um trabalho e tanto com aqueles quatro, mas o jogo agora é mais complexo, o cara quer algo mais, ele quer o poder completo, talvez queira negociar minha rendição em troca.
-E se não quiser? E se estiver só nos eliminando mesmo?
-É o que vamos ficar sabendo logo.