terça-feira, 28 de abril de 2015

CARTA DE SUICÍDIO




Vou deixar uma carta para você, não porque eu acredite que irá ler, sei que não irá, mas por todos os momentos que vivemos, gostaria de deixar essa miserável marca no mundo, tão pequena que passará desapercebida, ninguém saberá ou se importará.
Você foi com certeza um amor inesquecível e brilhante, iluminou meus dias escuros, eram tantos. E por todo este longo breve momento que fez parte de mim, eu senti um pouco da vida, você me trouxe calor e felicidade, mas tudo tão breve e passageiro que no final das contas acabou destruindo ainda mais rápido minha existência.
Você era como o sol de uma tarde morna aquecendo meu coração gelado. ]seu sorriso era tão lindo e puro, sua voz rouca e sedutora me dizendo palavras vazias, agora eu sei.
Depois daquela noite, quando não mais me procurou, meus dias se tornaram de uma escuridão infinita, minha tristeza agora é imensa e dolorosa, não posso mais sentir essa dor, está me matando lentamente, e um suicídio lento, não é um bom caminho, não posso mais me arrastar pelos dias, não suporto mais a terrível esperança de um dia poder olhar em seus olhos, sei que não acontecerá.
Meus olhos irão se fechar de forma lenta, espero não dolorosa, já sinto dor demais, meu corpo inteiro chora, minha alma me abandonou, meu olhar esfriou, meu sangue congelou, sou agora uma estátua sem vida, então pela ironia da coisa é melhor terminar.
Quando me chamava de raio de sol, me fazia brilhar, quando me tocava docemente me fazia forte. Nunca mais sentirei isso, nunca mais o calor de sua voz em meus ouvidos, a felicidade de tocar seu corpo e apenas conversar desligadamente, enquanto fumávamos nossos cigarros.
Momentos tão simples e tão importantes que dividíamos, uma lata de cerveja, um passeio no parque, para depois voltarmos para nossa cama e ali sim eu podia sentir todos o amor que eu poderia te entregar.
Agora sou menos que uma sombra, sou nada, vazia e cheia de poeira, não continuarei, impossível passar mais um dia me lembrando de você, estou indo agora, em breve meus olhos se fecharão para sempre, já posso sentir um certo torpor tomando conta do meu corpo, o efeito dos comprimidos chegando, que alívio, agora logo não existirei mais, logo serei exatamente o que sinto, nada, vazia.

Amor querido, estou indo agora, minha agonia termina, meu último pensamento é seu.

domingo, 26 de abril de 2015


ME DEIXE MORRER EM SEATTLE

CAPÍTULOS III - IV


III


O conflito com os fanáticos religiosos começou quando Scott foi traído por um amigo, um grande companheiro seu, que partilhava do conhecimento e do uso do daquela droga que começou a transformar o grupo, eles começaram a usar em proveito próprio, mais como uma diversão experimental, antes esse bispo fanático, seu amigo era apenas um rapaz como ele louco inconsequente, quando aquele velho estranho os encontrou e os levou para sua casa e começou a mostrar as maravilhas daquilo, na verdade ele os usou como cobaias, e dois jovens, na época sempre buscando  qualquer coisa que os tirasse do chão, quiseram experimentar, e começaram assim a se tornar o que eram agora, aquele mexicano maldito os usou, e envenenou e continuou a fornecer a droga para os dois.
O velho nunca revelou porque lhes forneceu aquilo, nunca explicou seus motivos, e nunca demonstrou nenhum interesse financeiro para entregar o godsmack a eles, esse mistério era intrigante, mas nenhum dos dois tinha conseguido arrancar nada daquele velho estranho, que mal conheciam o que decorreria daí não interessava.
Os dois jovens eram inteligentes demais, aproveitaram a força que tinham e uniram à sua inteligência natural e se tornaram verdadeiros monstros dominadores, começaram a dominaram a cidade a seu modo, como não eram muito voltados para a bondade ou obras de caridade, obviamente estavam caminhando pelo lado do submundo, mesmo porque, sempre foram considerados vagabundos sociais, desajustados, como poderiam estar agora com todo esse poder voltados para obras de caridade? Sim iriam usar a força para dominar o mundo da escuridão, esse seria seu reino, amigos sempre, dominariam o mundo, seriam os reis do submundo, ninguém poderia com eles.
As coisas caminharam assim por alguns anos, a cidade estava controlada, as drogas, a prostituição, tudo era dominados por eles dois, ninguém, ousava desafiar os amigos estranhos, como costumavam dizer, mesmo porque, qualquer rebelião era tratada de forma cruel por Scott, qualquer desobediência, sofria um ataque feroz, a morte era dolorosa e torturante, os "funcionários deles evitavam desagradar os "patrões".
As coisas funcionavam assim, até que Scott resolveu que queria viajar novamente para países subdesenvolvidos, queria conhecer mais a miséria de outros lugares e ver como poderia tirar proveito disso também, queria aumentar seu poder, sua fortuna, estava pensando em fazer testes com a droga em algumas pessoas, longe dali, tentar entender o como funcionava, talvez descobrir como era feita.
Resolveu comunicar seu amigo da decisão.
-Vou viajar.
-Pra onde?
-Não sei ainda, estou pensando, quero ver como as coisas funcionando em outros lugares, estou querendo conhecer a pobreza os miseráveis de outros países, ver o que podemos tirar proveito, o que acha?
-Cara, temos esse país inteiro para fazer isso, veja, expandimos nossas ações por vários estados, temos um exército trabalhando pra nós, graças a nossa fórmula mágica, dava uma risada desagradável quando falava, conseguimos controlar essa porra toda, esses vermes que rastejam pelos becos todo o lixo humano que vive nessa merda, controlamos tudo, toda uma rede, podemos controlar tudo se quisermos cara, você é cheio de pudores, podemos jogar essa porra na água da cidade.
-Caralho, não, a coisa sai do controle, aí fode tudo, você não percebe? Não é assim, promovendo o descontrole que conseguimos fazer as coisas.
O caos, apesar de tudo deve ser controlado, o medo, deve ter como princípio, o fim, deve haver a esperança da libertação, da salvação, você nunca vai entender isso?
-Eu entendo ok, está certo, faça suas viagens, conheça essa gente, veja o que rola, traga novas drogas cara, vamos aumentar nosso poder.
-Vamos cara, vamos, agora vou pro quarto, quero fumar meu ópio preciso viajar um pouco, me acompanha?
-Vamos, também quero.
Foram para um quarto que era especialmente feito para o uso dos cachimbos de ópio, havia pessoas que ficavam para preparar os cachimbos.  Deixar tudo pronto e confortável para os chefes.
Depois que Scott partiu em viagem, as coisas mudaram, quando retornou com suas crianças   encontrou uma Seattle diferente, ele ficou fora por dois anos, encontrou a cidade modificada, cheia de igrejas das quais não se lembrava antes, de uma religião que jamais tinha ouvido falar.
Scott estava com os irmãos, os dois jovens que havia trazido do Brasil, foi direto para sua casa, a procura de seu amigo, a casa estava vazia, nem um dos funcionários que cuidavam da residência estava lá, a casa estava abandonada, a raiva ia aumentando, sentia que estava sofrendo alteração, não queria mostrar sua monstruosidade para aquelas crianças agora, não podia, precisava se controlar, queria estraçalhar alguém, ódio, onde estava aquele merda?
-Crianças, escutem, essa será nossa casa, preciso sair e resolver uma coisas urgentes, ele falava baixo, tentando controlar a raiva, aquele rosnado que lhe era peculiar.
Os irmãos ficaram na casa, sem saber direito o que estava acontecendo, Layne se sentou no sofá e pareceu distante como sempre, Penny começou andar pelo cômodo, e observar a mobília com curiosidade.
-Vamos olhar os outros lugares da casa?
-Pode ir, vou ficar aqui, acho que não há nada demais para ver nesse lugar.
-É só curiosidade mesmo querido vamos comigo, essa casa enorme, e estranha, você não acha?
-Tudo por aqui é estranho não é mesmo?
-Acho que sim.
-Acha, você sabe que sim, porque as vezes você se faz de boba? Porque finge não saber das coisas?
-Pare com isso Layne, vamos andar por aí quero ver o tem nesse lugar, Scott é tão estranho não é mesmo?
-Então porque aceitou vir pra cá com ele?
-Porque você está me atacando desse jeito? está arrependido? pensei que você também queria ter saído daquela merda que a gente vivia.
-Sim, trocamos uma merda nas ruas, por uma merda de luxo.
-Nossa não estou entendendo você, parece que está com raiva de tudo, antes parecia bem, agora, mudou o comportamento.
-Esquece, vamos andar por essa casa e bisbilhotar como você quer.
Ele parecia contrariado, mas tentou não passar isso para a irmã no momento, sabia que havia alguma coisa errada, sua irmã também devia saber, mas parecia deixar passar, ou não queria pensar nisso agora, as coisas, não seriam tão tranquilas como Scott tinha feito parecer quando os tirou do Brasil.
Vasculharam vários cômodos da casa, era uma casa imensa, eles nunca tinham estado numa casa tão grande assim, aquilo não impressionava o garoto, mas a menina bem, era uma garota, e gostava dessas coisas, conforto, luxo, beleza, essas coisas de mulher, a casa era luxuosa, moderna para a época, ficava numa região afastada da cidade, não tinham vizinhos que pudessem avistar pelas janelas. Ao mesmo tempo em que viam conforto e tranquilidade, podia-se sentir ali, um estranhamento no ar, coisa que Layne sentira desde o primeiro momento que entrara, o rapaz possuía uma sensibilidade apurada, estava sempre atento, apesar de transmitir sempre um ar distraído e por vezes apático, talvez fosse essa sua defesa, assim passava despercebido, porém observava com atenção tudo e todos.
-Veja, aquela porta, que estranho não é, onde será que vai dar, não parece ser um quarto, será o porão?
-Deve ser, deixe, vamos voltar para aquela sala, venha.
-Vamos espiar lá.
-Não! ele respondeu com raiva, sentia calafrios de pensar em entrar naquele lugar, queria sair de perto daquela porta o mais rápido possível, não sabia explicar.
Era o cômodo particular de Scott, usado para suas visitas sexuais, ele nunca usava seu quarto pessoal, tinham um exclusivamente para suas estranhas diversões.
-Vamos voltar para aquela sala, ok?
-Ok, desculpe, não queria deixar você bravo.
-Não estou bravo querida, mas você está exagerando, acabamos de chegar nesse lugar e você já está mexendo em tudo, o cara nem está aqui, porra, queria fumar um baseado
-Layne, você não tem jeito mesmo.
-Sou uma alma perdida irmãzinha, você sabe disso.
-Não diga isso, você é meu anjo protetor e sabe bem disso.
-Sou mais seu demônio protetor e você minha bruxinha, não é mesmo? Somos dois diabinhos nessa terra maldita.
Os dois riram, afinal viviam soltos pelo mundo há tempos, não faziam questão de fazer as coisas da maneira correta, e pareciam se divertir bastante assim, esse fora um dos motivos que fizera Scott escolhê-los quando os vira, depois de passar em revista suas mentes, se apaixonara pelos dois, apesar de serem estranhos, tinham almas que queriam elevação, viviam um conflito torturante, isso era apaixonante.
Voltaram para a sala, Layne voltou a se sentar no mesmo lugar em que estava antes da expedição pela casa, a irmã sentou-se numa poltrona ao lado, mas parecia inquieta.
-Você não consegue ficar parada não é mesmo?
-Não, essa espera, ficar aqui sem fazer nada, é uma coisa irritante, você não acha?
-Na verdade não, pouco importa.
-Me lembro sim.
-O que?
-Mamãe.
-Ah sim, eu sei que lembra.
-Ela era daqui, não é uma estranha coincidência?
-Será mesmo uma coincidência? Será que esse cara não foi atrás da gente com algum propósito, sabendo quem nós éramos?
-Você acha mesmo, que isso pode ser?
-Não sei, que se foda, vamos fumar?
-Não tenho cigarros.
-Eu tenho.
Estendeu o maço para Penny, acendeu o cigarro para ela como um perfeito cavalheiro, o rapaz era uma mistura intrigante de malandro e anjo, uma agonia de se ver tanta beleza numa mente tão conflitante.
Ficaram por ali esperando que o dono da casa voltasse, o que demorou para acontecer, porque Scott estava ansioso em busca de notícias nas ruas, queria saber exatamente o que estava acontecendo, e o que significavam aquelas igrejas novas, se era mesmo o que ele estava pensando, se seus pensamentos seriam confirmados, e se fosse verdade, as coisas iriam se complicar bastante.



Foi arrancado brutalmente das lembranças com o final do efeito da viagem, abriu os olhos, estava deitado naquele sofá imundo ainda, não conseguia saber há quanto, não conseguia saber direito como tinha ido parar ali, precisava se situar aos poucos, sua cabeça doía, seus olhos não enxergavam, estava tudo escuro, nenhuma luz para um direcionamento. Mas aos poucos foi se adaptando à escuridão, se lembrando porque estava ali, só não sabia há quanto tempo. Estava sozinho realmente, começou a andar, o lugar estava uma bagunça, sujo, cheio de seringas espalhadas, pó, latas de cerveja, garrafas de vodca, as janelas estavam abertas, o frio era cortante, a chuva entrava, ele estava gelado, talvez por isso tenha acordado, o fim da viagem e o frio acabaram despertando Layne, procurou o casaco com que havia chegado, estava jogado num canto no chão, vestiu o casaco, mas parecia não ser suficiente, estava procurando um pouco mais de heroína, não havia mais por ali, havia consumido toda, um inferno aquilo, que droga infernal! Uma pessoa normal sem o demônio que ele tinha por dentro se matava muito facilmente com aquilo, ele precisava sair às ruas e ver isso de perto. Achou pó ali num saquinho na mesa, esticou dois tiros, o efeito daquilo foi suficiente para acelerar seu metabolismo e aquecer de certa forma seu corpo. Precisava sair daquele chiqueiro, saber que dia era, precisava saber notícias da sua irmã, precisava ir embora, precisava morrer.



Scott há tempos tentava aniquilar seu ex amigo, agora um inimigo mortal, mas ainda relutava, talvez pelos velhos tempos, ou por não conseguir mesmo, por serem iguais, terem a mesma força, talvez não pudessem, se conheciam muito bem, conseguiam apenas eliminar as criaturas que iam sendo criadas ao longo do tempo para fazer o trabalho sujo por eles, aqueles que ficavam nas ruas, ou aqueles que serviam nos testes, a massa que estava sendo manipulada, na verdade uma parte dessa gente se auto destruía mesmo, nem era necessário tanto trabalho assim, Scott tinha preguiça de lidar com a massa, preferia deixá-los a sua própria sorte, sua atenção se voltava a penas àqueles que considerava dignos de salvação, que despertassem seu interesse em algum aspecto, que fosse por beleza, malícia, inteligência, ou até mesmo pela pureza, o que fosse, se a criatura chamasse sua atenção ele faria alguma coisa e traria para sua proteção, se não, largaria pela cidade. a cidade inteira enfrentava uma onda de violência, e fanatismo religioso nunca antes vista, Scott sabia que o causador disso era o bispo, ele havia se tornado um fanático maldito, hipócrita, ele usava uma religião torta e distorcida, que abusava da ignorância do povo, se dizia ungido pelo Senhor, tirava dinheiro dos fiéis, arrancava tudo dos pobres coitados, na garantia de terem seus lugares garantidos nos céus, e que o sofrimento na terra era para livrá-los dos castigos do infernos, que deviam agradecer esse sofrimento, que deviam doar tudo o que tinham e se flagelar, em penitência, para assim alcançar o paraíso, se livrando do demônio que anda na terra, o demônio que está em todos os lugares.
Esse maldito filho da puta, distribui aos fiéis de sua seita, "água santa", onde coloca pequenas doses da droga criada pelo antigo bruxo mexicano, batizada com o irônico nome de godsmack. Essa porra dessa droga causa surtos de medo e paranoia, momentos de violência e descontrole de personalidade, é isso o que ele quer, assim ele consegue disseminar na população que o demônio está caminhando na terra, e começa a amealhar as almas perdidas e aterrorizadas, sem saber onde encontrar alívio de seus males, acreditar com sua ignorância que lá está sua salvação. Essa merda toda ele vem disseminando pelo mundo há algum tempo e Scott, vinha lutando contra isso há tempos, mas as coisas não melhoravam, pareciam a cada dia fugir mais ao controle de ambos os lados. Scott andava pelas ruas, falavas com as pessoas, entrava nos inferninhos, trocava algumas palavras com as putas nas ruas elas gostavam dele, ele era sempre gentil com todas, até mesmo com os travestis Scott era gentil, sabia como era difícil a vida dessa gente nas ruas, e afinal a maioria estava ali trabalhando e sempre tinham informações para ele, costumava as vezes dar dinheiro ou drogas para eles, eles o adoravam, as putas sempre se ofereciam para o sexo, ele recusava delicadamente, não gostava de putas de rua, mas tinha carinho por elas, cuidava de todas.
-Hey Donna! Gatinha, como vai criança, era uma garota de no máximo vinte anos, uma novata nas ruas vinda de algum lugar do Texas, fugida dos maus tratos do padrasto alcóolatra e da mãe que não se importava.
-Scott querido, quanto tempo, veio para um pouco de prazer?
-Não docinho, hoje não, estou dando um giro pra ver como estão as coisas, ver como estão minhas meninas, tudo bem por aqui?
-Apareceram uns caras, pegaram a Peggy cortaram ela inteira.
-Ora, como não fiquei sabendo disso?
-Ela tava na pedra, sabe como é, ninguém mais dava atenção a ela.
-Porra, Peggy era minha traveca, como isso aconteceu?
Scott começou a falar com seu rosnado. A garota percebeu a raiva de Scott.
-Olha meu bem, me desculpe, eu não tenho nada a ver com isso, você pode chamar os rapazes e perguntar a eles porque não falaram com você, não fizeram contato.
-Ok docinho, vá fazer seu trabalho, falava com raiva contida, tentando parecer normal com a garota, beijou-a na testa, e deu tapinha no traseiro dela com um sorriso forçado, despachando a moça para que fosse embora.
Começou a andar em direção a um prédio onde sabia que acontecia o tráfico mais pesado, onde ficavam olheiros seus, onde tinha criaturas transformadas numa proporção bem pequena, farejadores em alerta, prontos para aniquilar os pastores do bispo.
Quando perceberam a aproximação de Scott, houve uma movimentação, alguns debandaram, saindo quase correndo da porta do prédio, outros foram se aproximando de Scott, prontos a atendê-lo, as mulheres que ficavam por ali, se afastaram em respeito, sabiam que Scott queria falar com os homens a sós.
-Vamos entrar.
Subiram para o primeiro andar, um apartamento que era mais confortável do que a fachada destruída aparentava, mantido por Scott obviamente.
-Me fale de Peggy
 -Olha chefe...
-Olha o caralho! A raiva era imensa, ele estava descontrolado.
-Nós achamos que era uma coisa sem importância, entende?
-Quem fez isso com ela?
-Aquele viado não era nada.
-Escuta aqui seu filho da puta do caralho, quem determina se alguém era alguma coisa ou não aqui sou eu! E esse viado era meu! E eu não fiquei sabendo o que aconteceu, e nem quem fez isso com ele!
-Olha chefe, me desculpe.
-Me desculpe? O ódio de Scott era tão imenso que seu corpo começou a se repuxar, a pele começou a sofrer, e esticar, seus dentes ficaram proeminentes, o rapaz ficou assustado, apesar de saber o ocorria, sabia que Scott era feroz, e que poderia destroça-lo ali em segundos. Scott estava quebrando móveis tentando aplacar a ira, o rapaz estava num canto tentando fugir do campo de visão, ele falava de forma animal assustadora.
-Nunca mais...nunca mais...vou permitir que algo aconteça nessa merda sem que eu fique sabendo entendeu? Segurava o rapaz pela camiseta, falava tão perto do rosto do rapaz, que estava quase colado e via o pavor nos olhos dele, apesar dele ser um transformado, em menor escala, um soldado raso por assim dizer, ele sentia verdadeiro pavor de Scott.
-Nunca mais, vai acontecer Scott, eu garanto, falou num foi de voz.
Quando largou a camiseta do traficante viu que estava rasgada, ele havia arranhado o rapaz, sem perceber sua raiva, que se dane, sua vontade era de ter arrancado o coração ali mesmo.
-Descubra se foram os merdas dos pastores, se foram eles quero todos mortos, mas quero que sejam mortos no mesmo estilo, que sofram como a Peggy entendeu?
-Claro chefe, pode deixar, o serviço vai ser feito.
Saiu do apartamento sem mais uma palavra, o alívio do rapaz foi indescritível.




IV



Eddie passou todos esses dias esperando por ela em casa, ele sabia que ela voltaria, sempre retornava, era uma coisa difícil de lidar, por vezes tinha vontade de deixar tudo e ir embora, já chegara a deixar aquela casa, passou alguns meses longe de tudo, deixou uma carta explicando que não podia mais lidar com tudo aquilo, que a amava sim, que ela era e seria para sempre o seu eterno amor, mas que era muito difícil para ele lidar com os outros, se referia a Scott e Layne, ele sempre soube da ligação doentia dela com Scott, e do amor problemático com o irmão, sempre entendeu os dois lados, nunca questionou. Quando a conheceu, foi em meio ao tumulto da sua vida, ele a acolheu, ela nunca mentiu, ele sabia, e aceitou aquilo.   
Quando a deixou foi a coisa mais dolorosa que fez em sua vida, sofreu muito, não sabia que rumo tomar, não conseguia decidir o que fazer da vida, viajou para alguns lugares, sem definição para trabalho, nada, achava que estava enlouquecendo, começou a beber descontroladamente, não aguentou, estava tentando se matar, não podia mais continuar, resolveu voltar, em nenhum momento, ela o procurou, e quando retornou, e se deparou com ela, ela estava em casa, sim era apenas uma sombra da sua mulher, um fantasma, sentada numa poltrona no quarto do casal, olhando para fora, pela janela, a chuva que caía insistente naquela cidade, chuva eterna, ela estava tão magra, sua pele, cinzenta, seus olhos vazios, vestia um pijama que parecia há séculos não ser trocado, os cabelos escorridos e sujos, o quarto, não era arrumado ao que parecia desde a sua partida, provavelmente ela não tivesse saído daquele cômodo para quase nada, a casa quando entrou estava do mesmo jeito, até mesmo o cinzeiro que estava na cozinha quando partiu, estava lá com as bitucas dos cigarros que ele havia fumado, do mesmo jeito, tudo igual, parecia que nenhum dia havia se passado na casa, ela não movera nenhum copo ali dentro desde a sua saída.
-Querida.
Ela o olhou como quem olha para uma assombração, os olhos se arregalaram.
-Eddie!
Ele a arrancou da poltrona com raiva, a segurando nos braços com força num abraço raivoso.
-O que aconteceu com você?
-Eu...não posso...
-Me perdoe, eu achei que podia esquecer tudo isso, ficar longe dessa loucura toda, essa maluquice, mas não posso, meu bem, não posso ficar sem você, que se foda o resto, preciso ficar com você, me perdoe.
-Você está aqui, eu nem acredito. Ela o agarrava pelo pescoço como para garantir que era real sua presença, chorava.
-Por favor, não me deixe assim, eu queria morrer e não conseguia, tentei tantas vezes acabar com tudo e não pude, essa merda dentro de mim não deixa eu acabar com tudo.
-Graças, eu não poderia continuar se você terminasse, devo agradecer essa merda então, me perdoe querida, fui fraco eu sei, não deveria ter partido e deixado você aqui com os animais, agi errado, fui covarde.
-Chega, não quero ouvir isso de você, de todos nós, o único que não pode ser condenado a nada é você, você é meu anjo, minha salvação, sem você eu já estaria queimando no inferno, o demônio já teria levado minha alma danada, você Eddie, foi o único que não pôde ser atingido pela droga, e eu agradeço tanto por isso, você é tão superior a todos nós, e eu sou tão baixa, você sabe porque estou dizendo isso.
-Ora, esqueça, veja você, como está magra meu bem, o que andou fazendo? quanto pó você cheirou aqui sozinha?
-Não sei te dizer. Tentei fazer uma overdose e não consegui, tentei de tudo pra me matar, não consegui.
-Querida...
Eddie tinha lágrimas nos olhos, pegou sua amada com cuidado no colo e a levou para a cama, a deitou e ficou ao seu lado abraçado apenas, sentindo o contato de seu corpo, queriam apenas a felicidade de estarem unidos novamente, ela não tinha condições de nada além disso nesse momento, estava completamente debilitada e doente, dormiu nos braços de Eddie como se fosse uma criança que reencontra o carinho perdido e se sente protegida novamente, ele chorava baixo, sua tristeza.



Só que dessa vez ele não partiria, ele ficaria e a esperaria, as coisas estavam se complicando, ele não a deixaria com Scott, ele já a fizera sofrer demais, já a machucara física e psicologicamente por muitos anos, não gostava de Scott, nunca gostou, eram rivais declarados, quando conseguiu resgatá-la de  Scott, foi talvez o dia mais feliz da sua vida, ele afinal deu paz ao casal, viu que não podia mais lutar com o amor deles, mas ainda assim, detestava saber da ligação dos dois, não sabia direito o que acontecia, nem queria saber, só sabia que a ligação era muito forte, mais intensa do que gostaria, ela tinha lá uma devoção estranha que ele não entendia muito bem e não podia pedir que ela renunciasse a isso, ela amava Scott a seu modo, era uma ligação estranha, ele era de certa forma o criador dela, ele a fizera do jeito que era hoje, ela e o irmão, então que chances ele tinha de lutar contra esse homem? Resolvera aceitar isso sem discutir se era certo, bom ou ruim, era assim e a amaria sempre, estranho ou não, ele também era desajustado não é, fora por isso que seus caminhos se cruzaram, então que fosse, estariam sempre juntos. Jamais iria conviver com Scott, sentia uma aversão natural, ciúme, seja o que fosse.



Ela estava pronta para voltar para casa, Scott já sabia que ela iria embora, era bom, ele precisava acertar contas com o bispo, e não queria ela por perto, iria pegar uns dois ou três para descontar o que fizeram com Peggy a travesti.
-Você tem certeza que vai fazer isso?
-Claro garota, não vou deixar aquele merda agindo por aí, já chega a bosta toda que anda fazendo na cidade, não vai pegar minha gente pra se vingar de mim, esse fanatismo religioso, essa merda que ele criou, isso nem é real, ele inventou tudo, falsa igreja do caralho.
-Eu sei, vamos com calma, preciso ir embora, ver o Eddie, ele deve estar preocupado, não posso deixar ele sozinho, tenho medo que apareçam por lá e façam mal a ele.
-Ninguém vai chegar perto do seu brinquedinho garota, sempre tem gente minha olhando aquela casa.
-Eu agradeço, mas mesmo assim preciso voltar, sinto a falta dele.
Scott pareceu contrariado com essas palavras, foi até a escrivaninha que estava a um canto, tirou um saquinho com pó, esticou alguns tiros ali numa pequena bandejinha de prata, aspirou dois, e levou até ela o restante, fazendo com que ela aspirasse, começou instantaneamente a passar as mãos pelo pescoço dela, segurando com força os cabelos, e virando seu rosto para beijar sua boca com violência, as mãos começavam a descer para os seios, rapidamente para o meio das pernas, ela usava um vestido leve, Scott, já enfiava a mão dentro da calcinha e a empurrava para o sofá, ela obedecia ansiosa como sempre.
-Venha garota, seja minha mais uma vez.
-Ahh...Scott...
Ela não tinha como evitar o contato com Scott, ela amava Scott de forma diversa a Eddie, era um amor doentio, violento e submisso, ela dependia dessa dor, com Eddie era o amor puro, doce, vital, que era necessário para sua sobrevivência sem Eddie ela não continuaria.
Scott mais uma vez a violentava com desejo animal.



Partiu para casa para encontrar Eddie, precisava sair de perto desse mal todo, sabia que agora Scott agiria com violência contra os inimigos e precisava se refugiar por um tempo, estava com medo apesar de saber ser tão forte quanto Scott, mas agora tinha Eddie, não queria participar da coisa nesse momento.
Estava ligando o carro quando sentiu o puxão no cabelo e algo gelado encostando na sua garganta.
-Quieta, agora, tira a mão da chave bem devagar.
Eram dois, um deles já estava com a seringa injetando a coisa que a impedia se se transformar, que congelava seu sangue, ela estava em pânico. Rapidamente a tiraram do banco do motorista, um deles assumiu o volante, ligando o carro e partiram, o outro a puxou para o banco de trás amarrou suas mãos com uma fita adesivas, dessas ultra resistentes, e começou a falar coisas nojentas pra ela, de como a machucariam e a violentariam agora que ela era a presa preciosa.
-Vamos brincar com você, coisinha deliciosa, passava as mãos grosseiras no meio das pernas dela, até chegar na calcinha, e enfiava os dedos dentro dela com força, ela apenas fechava os olhos, em desespero.
-Uh, que delícia, e forçava mais pra dentro os dedos. Imagina quando eu enfiar meu pau, que gostoso que vai ser hein.
-Hey cara, calma aí também quero brincar com essa delícia.
O homem que estava com ela no banco de trás, a machucava com as mãos e falava essas nojeiras, lambia seu rosto e sua boca.
-Gostosa, meu pau tá duro, acho que vou fazer você chupar ele agora mesmo.  Gargalhava enquanto enfiava a mãos mais fundo dentro dela.
Eram homens do bispo, que tinham recebido ordens de raptá-la, ele decidira declarar guerra abertamente a Scott, decidira exterminar todos os inimigos, queria purificar a terra, e ser o líder santificado e escolhido com o poder supremo para abençoar a terra e dominar com o medo a população, para isso precisava eliminar os mais fortes, precisava pegar as pessoas mais importantes para Scott os dois irmãos, começou pela garota, o rapaz era mais difícil de ser achado.
Seguiram as ordens expressas do bispo e a levaram para um lugar onde jamais poderia ser achado por alguém de Scott.



A noite já havia caído, escura fria, a chuva infinita naquele lugar, Layne andava por aquela cidade como se não sentisse o frio nem a chuva, parecia  mais uma fantasma caminhando, passava quase despercebido, pelos lugares, sempre detestou chamar a atenção para sua pessoa, usava sempre uma calça jeans, botas no estilo coturno, camisetas e jaqueta de couro, a coisa mais comum naquele lugar, naquela época era bom estar com luvas, sim, mas ele não as tinha agora, procurou por cigarros nos bolsos da jaquetas, acendeu um, o frio estava realmente cortante, achou que precisava pelo menos ligar para sua irmã e deixar um recado dizer que estava ok. Procurou um telefone, começou a discar, esperou o toque de chamar, nada, direto na caixa de mensagens, estranho, ela nunca desligava o celular, justamente para poder receber seus recados sempre que precisasse. Layne se sentiu inquieto, talvez fosse apenas uma coincidência, a bateria tivesse arriado, mas ele sabia que não.
-Eddie, vou falar com ele talvez ela esteja lá.
Discou para o amigo.
-Eddie?
-Quem é? Tom desconfiado.
-Layne cara.
-Hey!  Rapaz onde você está? Está perto? Venha para casa.
-Não, ela está aí com você?
-Não, foi pra lá, estou esperando ela voltar, deve estar para voltar por esses dias, não sei direito, porque? Tem falado com ela?
-Não cara, não falo com ela há muito tempo, desde que saí de lá, você sabe, apenas deixo recados, mas contato direto, não tenho feito, acontece que tentei ligar...sei lá, precisava entende, não sei explicar, mas ela não atendeu, caiu na caixa postal, achei estranho, só isso, por isso liguei pra você achei que estavam juntos, mas tudo bem, ela deve estar numa brisa sei lá, alguma coisa assim, você sabe como é.
-Sei, mas mesmo assim fico preocupado, sei que estão cuidando dela e tudo mais, mas tudo me preocupa, garoto, você pode vir pra podermos conversar um pouco, você passa a noite aqui.
-É melhor não cara, não estou em condições.
-Porra, acha que sou tão puritano assim? Você pode vir pra cá, se quiser passa a noite aqui, usa seus baratos por aqui mesmo.
-Não, é arriscado, por você cara.
-Ok, me dê notícias.
-Ok.
Desligou o telefone, mas a preocupação apenas aumentou, sentia que havia alguma coisa errada, seria hora de procurar Scott? Era o que mais temia. As dores recomeçaram, a angústia, a cabeça girava, o estômago embrulhado de nojo, teria que se encontrar com Scott novamente, as lembranças voltando com força, as palavras ecoando outra vez nos seus ouvidos, aquilo tudo, ele não queria, não podia lidar com tudo aquilo outra vez, não ia conseguir.
-Eu preciso.
Começou a caminhar rapidamente, sentia dores, mas precisava, sua antiga casa era longe, afastada estava a pé, não haveria outro meio de chegar lá, teria que caminhar, parou numa ruela estreita, cheirou um pouco do pó que trazia.
-Bem, pelo menos agora as dores vão passar por um tempo, e vou andar mais rápido, que se foda.
Caminhou por algumas horas, sempre parando em lugares vazios, cheirando seu pó maligno, ficando acelerado, com o corpo enrijecido, fumando um cigarro atrás do outro, sem sentir a chuva que caía, usava uma jaqueta de couro apenas, os cigarros se molhavam com a chuva, ele maldizia o tempo com os dentes trincados, e caminhava, em breve estaria chegando. Tinha vontade de voltar atrás, não queria encontrar com aquele homem nunca mais na sua vida, jurara para si mesmo que não pisaria naquela casa nunca mais, toda aquela merda que ele cuspira na sua cara era mentira, não fazia sentido, ele era um pervertido nojento, e usava isso tentando perverter e corromper todos ao seu redor, fizera isso com sua irmã, a forçara e ela acabara se submetendo aos desejos daquele homem, porque Scott fez isso? porque se tornou aquele homem asqueroso, era como um amigo querido no começo, depois começou a mostrar sua verdadeira face, e os enganou, os fazendo ingerir aquela merda, que os fez serem o que eram hoje, essa coisa maldita, Scott os amaldiçoara mais do que já eram malditos, já tinham passado por tantas coisas juntos, ele e a irmã, e Scott apareceu prometendo coisas, e ajuda, que no começo pareciam verdade, e depois os jogou naquela guerra particular, que se transformou numa coisa sem fim e se espalhou por toda a cidade, crescendo a cada dia, contaminando tudo, pessoas inocentes, aquela coisa entre ele e o bispo, cresceu tomando proporções sem controle, atingindo pessoas que nem imaginavam estarem sendo alvo das vaidades daqueles dois monstros.
Estava perto da casa, suas pernas tremiam, seu corpo todo tremia, estava encharcado, seus cigarros tinham acabado, seu pó também, sentia raiva, muita raiva, já podia ver a casa, luzes acesas em várias janelas.
Estava na porta de entrada, ela se abriu, Layne se assustou, ele não havia tocado o interfone ou batido, era Scott.
-Se não é o garoto de volta.
-Não estou de volta.
-Então porque está parado na minha porta?
-Onde ela está?
-Foi embora, você estava na periferia? Bem, entre garoto, vamos, troque de roupa pelo menos.
-Não é necessário.
-Você é quem sabe, mas que porra!
-Quando vocês saíram de lá?
-Ontem, ela saiu, foi pra casa, voltou para o brinquedinho dela, estava com saudades.
-Ela não chegou em casa, eu falei com Eddie, ela não apareceu por lá ainda, ele pensa que ela ainda está com o pessoal.
-Hey, o que você está dizendo? Calma aí, ela foi embora, pegou um carro, eu vi.
-Caralho Scott! Layne estava perdendo o pouco controle que ainda tinha.
-Estou te falando, mas que porra! Ela não está em casa, não chegou, aconteceu alguma coisa! Você precisa colocar esse bando de filhos da puta que trabalham pra você pra descobrir o que aconteceu, ela não vai aguentar, entende? Se pegarem ela de novo, e ela passar por aquelas coisas outra vez, ela não vai aguentar, Layne estava completamente fora de si ele gritava e andava de um lado para o outro.
Scott o puxou para dentro da casa, a chuva tinha aumentado, o frio era intenso e era arriscado ficar ali fora com a porta aberta àquela hora.
-Entra caralho!
Entraram. Layne estava acabrunhado de ter que pisar ali de novo, estava ensopado, com frio, deprimido e cansado da longa caminhada e Scott não fazia menção de convidá-lo para sentar-se.
-Pode me arrumar um cigarro?
-Tome, fique com o maço, o que aconteceu com você rapaz, está um trapo, andou se perdendo o suficiente pra ficar sem nada?
-Não é isso, o assunto não sou eu, ok? Você vai fazer alguma coisa, ou vou ter que procurar sozinho?
-Acha que consegue achar ela sozinho? Suas capacidades evoluíram a este ponto? Já pode voar também? Foi assim que chegou aqui? Scott ria irônico.
-Não, vejo que não foi, pelo seu estado, veio na caminhada não é?
-Caralho, vou embora, já te dei o recado, vou atrás dela.
Layne começou a se dirigir para a saída, mas Scott o interrompeu.
-Layne.
Dificilmente ele o chamava pelo nome, isso o paralisou, mas continuou de costas para Scott.
-Fique, preciso que fique aqui, me ajude, algo aconteceu, na verdade, algo está acontecendo, aquele merda, está começando um ataque ao nosso pessoal, acho que pegaram ela.
Layne estremeceu ao ouvir aquilo, não podia ser verdade, sua irmã, nas mãos daquele fanático, suas mãos se fecharam numa raiva contida, ele fechou os olhos, não queria acreditar na que tinha ouvido, respirava com dificuldade.
-Pegaram uma travesti, estão atacando o pessoal nos becos, tem sido ataques ao pessoal das ruas, com pequenas mensagens, ele quer exterminar o mal da cidade, e "nós" somo o mal, aquele filho da puta!
O ódio de Scott o fazia rosnar, nessas horas era possível ver o quanto ele podia ser cruel, seus olhos mostravam todo ódio.



Eddie continuava esperando, sabia que algo estava errado, não era comum o irmão aparecer assim procurando por ela, eles se comunicavam lá do seu jeito, alguma coisa fora do comum estava acontecendo, ele sabia, ela estava demorando para voltar, isso também, não acontecia, ela nunca ficava tanto tempo assim sem dar notícias, ele não queria ter que entrar em contato com aquele outro mas se precisasse, se as coisas estivessem novamente fugindo do controle, se ela estiver em apuros  novamente, o pior era que Layne nunca deixava um telefone de contato, ele sempre vivia como um fantasma, sempre desaparecendo, vivia errante se drogando por aí, só pelo fato de ter aparecido, já era mais do que suficiente para deixar Eddie completamente certo de que as coisas iam começar a se complicar outra vez.






sexta-feira, 17 de abril de 2015

ESCRITOR INVISÍVEL


Todos os dias, sentado em frente a tela do computador, odiando o computador, gostava de escrever à mão.
O escritor invisível criava seus textos, sonhando que um dia seria lido por milhões, seu peito inchava de alegria quando pensava nisso, seu coração ficava agitado. Um dia.
Dia esse que nunca chegava, os anos passavam, a esperança enfraquecia, as garrafas se esvaziavam, sua glória era solitária.
Costumava se considerar um grande literato, sim, era melhor do que a maioria costumava dizer para seus companheiros no bar, podia escrever como um deus, seus textos eram inigualáveis, batia no peito quando falava. Seus camaradas davam risada e concordavam com silenciosos movimentos de cabeça.
Quando já se sentia bêbado o suficiente para voltar para o inferno das letras, ele se despedia trôpego, procurava o garçom e pedia uma garrafa, para levar consigo. Essa garrafa ele nunca apreciava sozinho, seu ego estava sempre ali com ele, assoprando em seus ouvidos que ele era um mestre, ninguém poderia se equiparar.
Então porque diabos ele ainda não tinha se tornado um daqueles astros americanos, um daqueles escritores que eram puro sucesso? Porque ainda vivia rastejando, procurando por moedas?
Ninguém sabia de sua existência, seus textos nunca foram aceitos nem mesmo no mais reles jornaleco da cidade, nem mesmo o homem da banca de jornais sabia que ele era um exímio escritor de valorosas estórias, que causavam arrepios de emoções quando lidas.
Lidas por quem?                                                                                                               
Ele era invisível, por vezes nem mesmo no espelho conseguia ver seu reflexo, como um vampiro, que almeja a luz, ele almejava a luz do reconhecimento de sua obra.
Nunca fora publicado, nem uma nota sequer.
Morreu na sarjeta, caído, sem recompensas por ser tão brilhantemente ninguém.



quinta-feira, 16 de abril de 2015

ME DEIXE MORRER EM SEATTLE
CAPÍTULO II


II


As lembranças sempre voltavam, e assombravam sua mente, era ainda garoto, as coisas eram difíceis, mas não tinham se tornado o que eram hoje, sua irmã ainda não havia lhe enfiado goela abaixo aquela merda toda que fez com que ficassem agora do jeito que eram, animais, eles ainda não tinham conhecido Scott.
Agora vivia com essa coisa dentro de si, esse mal que sufocava, que corroia sua alma e seu corpo, vivia escondido de si mesmo, jamais permitiria que alguém usasse aquilo que fora obrigado a aceitar numa guerra que não escolhera, preferia ter sido morto, destroçado por cães, a ter que viver para sempre dessa forma, por isso, desde que as drogas começaram a ser usadas como forma de esquecimento, para deixar tudo pra lá, e deixar o corpo, ele optara por se manter entorpecido o máximo possível, preferia rastejar nos subterrâneos, do que ser um joguete nas mãos deles.
Ele e a irmã sempre estiveram juntos, nunca tiveram ninguém depois da perda de seus pais biológicos, viviam nas ruas, mais fugindo que vivendo, duas crianças imundas, dois anjos perdidos na imundície, comendo lixo, sendo chutados até mesmo pelos vagabundos, quantas vezes ele apanhara para tentar defender sua irmã? Quantas vezes ela se vendera para salvá-lo? Que maldição! Onde estaria sua amada irmã? Será que ela podia imaginar o quanto ele sempre precisou dela? O quanto dependia da força dela para continuar? A determinação dela era uma coisa tão acolhedora para ele, era como se ele fosse parte dela, sem ela por perto, ele não era nada, ele a amava tanto, queria poder beijá-la e a ter em seus braços novamente.
-Preciso de mais um pouco, a dor das lembranças, não aguentava.
O nada, o vazio, planando devagar...ah...as sombras dançando em todos os lugares...
Aquele menino feliz, correndo por um campo ensolarado com sua irmã, rindo, aqueles anjos louros, ela com seus poderosos olhos azuis o protegendo sempre, ele calmo e feliz que garoto lindo ele era, sem medo.
Arrastado repentinamente desse fluxo de felicidade, para o escuro, os gritos de dor, sua pele sendo queimada, ela estava lá, não era possível! Não! Por favor! Não façam isso, ele chorava, e isso os divertia ainda mais, enquanto rasgavam a pele da sua irmã devagar, e o forçavam a ver, cada vez que fechava os olhos, sentia o fogo na pele, seus gritos faziam com que ela ficasse mais desesperada ainda, eles não conseguiam completar as mutações, aqueles monstros sabiam disso, haviam congelado suas veias, para que o fluxo do medo e da dor não os levasse a fazer a mutação, eles se olhavam diretos nos olhos, ela dizia:
-Eu te amo, vou tirar você daqui, mas ela sentia tanta dor, como poderia? Como faria com que parassem de queimar sua carne?
Um soco desferido no rosto dela com tanta força que Layne ouviu o osso se partindo, ela não lutava mais, estava entregue, eles estavam abrindo suas pernas, não era possível, mais uma vez fechou os olhos.
-Olha animal! Vamos fazer ela se divertir agora, e riam em seus rosto, o calor chegando perto da pele era insuportável.
-Não! Por favor!
-Olha!
Quatro deles se revezando, penetrando sua irmã na sua frente, ela parecia desacordada, mas ele via que estava olhando pra ele, viu seus lábios mexerem mais uma vez.
-Amo você.
Aquilo foi demais, Layne não conseguia até hoje descrever o que aconteceu de verdade, só podia se lembrar do depois, quando tudo já tinha acabado, sua irmã já estava em seus braços, ele tremia quieto, sentado naquele chão imundo, com sangue por todos os lados, seus olhos começaram a enxergar o local novamente, e via pedaços dos corpos espalhados, todos os quatro, destroçados pela sua fúria, a única vez que usara a força, estava com o gosto do sangue deles na boca, olhava estarrecido, e parecia agora entender que ele, havia feito aquilo.
-Meu amor, vamos embora daqui assim que melhorarmos um pouco ok?
-Hum hum.
-Você não consegue agora não é mesmo?
-Não. Foi a única coisa que ela conseguiu dizer, desmaiou nos braços de Layne, que agora chorava apavorado, ainda não tinha certeza de ter sido o autor da carnificina. Sabia que tinha sido o autor daquilo, as imagens começavam a dançar na sua cabeça, se lembrava, não sentia nada, queria apenas ir embora, levar sua irmã dali, ela estava tão machucada, na verdade sentia que deveria tê-los feito sofrer mais, deveria ter saboreado a tortura como fizeram com ela, mas talvez não tivesse conseguido terminar, não podia ter arriscado por esse pequeno prazer. Não sabia dizer quanto tempo estavam ali, ela ainda apagada. Layne achou que era hora de irem embora, procurou movê-la com todo o cuidado, mas ainda assim ela despertou com um grito de horror.
-Calma, vou tirar você daqui, ok? Vou precisar te pegar no colo, vou tentar fazer com cuidado pra não te machucar mais, tente aguentar um pouco, ok? Ele falava de forma angustiada, porque via que ela sentia mais dor do que podia aguentar, seus olhos estavam vidrados quase em choque, ela apenas conseguiu erguer os braços para segurá-lo pelo pescoço, tentou aconchegá-la com toda a delicadeza, ele era alto, um metro e noventa, aquele corpo magro e forte lhe dava um aspecto de arcanjo poderoso, ela prendeu a respiração ao ser erguida, não conseguia nem chorar só queria morrer.
Caminhava por aqueles túneis escuros, tinha olhos poderosos, na verdade apesar de toda a fragilidade psicológica, Layne era um guerreiro, carregava sua irmã como se fosse uma pequena criança, tão maltratada estava, encolhida em seus braços, tentando manter a calma para não começar a gritar até morrer. Caminharam até que ele achou o caminho que procurava, vislumbrou uma luz fraca, sabia onde estava, e viu quem o esperava.
-Nossa! Que fizeram com vocês! Como conseguiram chegar aqui?
-Sem perguntas agora ok? Ela precisa de cuidados, está vendo o que fizeram com ela? Fizeram para me torturar, isso nunca mais poderá ser apagado da minha cabeça entende? Como vou continuar agora, sabe que quase acabaram com ela de forma tão dolorosa, por minha causa?
-Hey rapaz, calma aí, você precisa tomar um banho e descansar, vamos cuidar dela, já chamei o pessoal que vai tratar dela, ela vai ficar bem, sabe que ela não é tão frágil assim, sei que machucaram ela, e tudo mais, mas ela vai se sair bem, ela tem poder pra isso, só não acabou com eles porque eles têm aquela merda que nos congela, se não fosse isso, meu querido, ela teria dado cabo de todos sem deixar uma gota escorrer dos lábios.
-Sei, mas ela está sofrendo precisa de cuidados, e eu, bem eu preciso esquecer tudo isso...o gosto...
-Garoto, o que andou fazendo ali? Acabou com todos eles não é mesmo? Minha criança! Você é um monstro terrível, com esses olhos de anjo, esse corpo de deus grego, você é o pior de todos os monstros, que delícia!
O interlocutor de Layne era ninguém menos que Roberto, nessa época ele e alguns outros, os "pervertidos sexuais", viviam nos túneis antigos que ficavam debaixo da cidade, ele cuidava dos outros,  como um suporte, todos tinham  alguma capacidade da mutação com a droga godsmack, mas em proporções diferentes,  alguns foram obrigados a serem mais malditos que os outros, o grupo dos homossexuais, foi escolhido para de certa forma fazer o que faziam há tempos, cuidar, esconder, socorrer, conseguir informações, manipular, comprar e corromper o que precisasse ser feito, eles aceitaram esses papéis, gostavam do risco, achavam 'uma diversão', como costumavam dizer, tinham dinheiro farto, drogas sem fim, e conseguiam suas brincadeiras sexuais quando quisessem, era a vida perfeita para aqueles que tinham sido escolhidos e retirados de vidas miseráveis, em países subdesenvolvidos, como Índia, Brasil, África, todos com exceção de Roberto, foram criados para esse fim era ele quem os escolhia, Roberto vinha nessa caminhada com todos eles desde sempre, era amigo de infância dos irmãos, sempre se conheceram os três, foram transformados juntos, obrigados, escolhidos por Scott.
-Fique tranquilo criança, Roberto sempre tratava Layne assim, como um menino grande, porque era essa impressão que passava mesmo, um garoto gigante de um metro e noventa pelo menos, louro, com olhos castanhos muito grande e escuros, com um brilho indecifrável, seu corpo esguio, masculino, perfeito, com tatuagens, davam a ele um ar irresistível e delicioso, porém sempre fora tão recluso e tímido, um garoto estranho, era assim que as meninas que tentavam namorar ele o definiam, era um das criaturas mais belas que Roberto já havia visto, aliás todos os "monstrinhos" de Scott, eram belíssimos, sabia que a beleza era fundamental para a escolha, que sempre vinha aliada a uma personalidade problemática e obscura, isso ele e a irmã tinham de sobra,  sabia.
-Preciso esquecer. O que você tem aí?
Precisava se drogar para esquecer as imagens da sua irmã sendo torturada, precisava tirar o gosto de sangue da sua boca, estava desesperado.
-Criança, tenho o que você quiser, quer desligar mesmo? Então tenho o que você quer, temos cachimbos maravilhosos do Paquistão querido, com o melhor ópio dessa terra pra você esquecer qualquer coisa, vá tomar banho, ou você quer que eu te dê um banho hein? A risada provocativa de Roberto desconcertava Layne, sempre acontecia isso, ele sempre fazia essas brincadeiras, dizia que o faria aprender a "trepar" mas nunca na verdade fizera nada, via Layne como um irmãozinho desprotegido.
-Vou me lavar, pode ir ajeitando as coisas pra mim, acho que vou ficar louco se não parar de pensar nisso tudo agora.
-Vá meu bem, o quarto tem uma cama maravilhosa que te espera, com toda a droga que quiser.
-Obrigada.
Sua timidez era desconcertante, como um homem tão fantástico como ele podia ser assim tão retraído? Enquanto tomava banho, deixou que as lágrimas caíssem livremente, sentia um ódio imenso, apertava as mãos queria machucar, queria desferir esses murros que suas mãos estavam prontas para bater, mas apenas chorava, como uma criança, debaixo do chuveiro. Ficou o tempo que achou necessário até que conseguisse parar de chorar, e se controlar novamente.
Vestiu apenas uma calça jeans que havia sido deixada ali para ele, uma imagem tentadora de homem garoto, tão frágil, com olhos tão obscuros. Abriu a porta daquele banheiro e se deparou direto com um quarto, confortável, como eles conseguiam todo esse conforto aqui embaixo? Tinham uma vida de muito luxo, não se lembrava de ter visto aquele quarto antes, foda-se. Se jogou naquela cama, nem se lembrava mais da irmã, sentia apenas aquela dor física que os adictos sentem, quando estão na iminência de consumir a droga, dores no estômago, a ansiedade doentia, a vontade de cagar, tudo ali, viu todo o aparato, tinha de tudo, pegou primeiro um saquinho de pó, esticou duas carreiras e cheirou rapidamente, alívio, a adrenalina correndo nas veias, agora podia ver melhor o que havia no quarto, uma variedade de coisas, o cachimbo com ópio estava pronto, tinham deixado vário prontos, como ele gostava, era a única coisa que podia tirar ele dali agora, para longe qualquer lugar, em outra dimensão. Afundou naquela cama voando alto... sem lembranças...



Roberto sabia que agora o garoto estava perdido, há muito tempo que se perdera na mais completa loucura, ele odiava tanto, tudo aquilo, então de alguma forma, as drogas eram a única coisa que o mantinham longe, ele podia passar semanas fora do ar, costumava se esconder em lugares onde nem os informantes conseguiam achá-lo, aquele garoto queria se matar e não conseguia, era tão forte fisicamente, que as drogas atuais não o afetavam, mas psicologicamente, era um garoto frágil, sem controle de seu poder, sem vontade de ser grande, não queria liderar ninguém, já havia deixado claro inúmeras vezes, que nunca se juntaria aos outros na loucura, toda aquela violência e perseguição o estavam deixando completamente louco, ele tinha surtos de puro ódio, e quando isso acontecia, ele deixava seu ódio derrotar apenas a ele mesmo, em geral costumava se machucar, fazia cortes pelo corpo, ingeria mais drogas do que qualquer um pudesse aguentar, tentava morrer e ainda assim não conseguia,  tamanha a força que sua irmã o obrigara a aceitar, ele era o verdadeiro monstro, talvez por isso fosse desprezado e odiado, por se recusar a ser o grande líder de todos, Scott sabia disso antes de torná-lo o que era hoje, ele via alma daquele garoto, e pôde sentir a fúria contida lá no fundo, e viu também que o garoto na época queria apenas ser normal, ter uma vida comum, talvez todo seu ódio viesse daí, do fato de ele e sua irmã nunca terem sido crianças normais, com famílias normais.
Quando Scott os encontrara nas ruas de uma favela no Brasil, ele mal conseguira acreditar que aqueles dois anjos andassem, por ali sem destino, sem ninguém, duas criaturas da mais absoluta e perfeição física.
Scott conseguira tirá-los daquele país, levou-os para o lugar que mais gostava Seattle, tinha nascido na Califórnia, mas preferia viver mais acima, acha aquela cidade estranha e divertida, costumava dizer que Seattle era espaçosa, cheia de ar, e de gente doida. Aquele lugar estranho onde hoje as diversidades convivem com mais facilidade do que em outros lugares.
Os jovens se adaptaram bem, com facilidade aprenderam o idioma, viviam felizes, sem saber que Scott fazia uso daquela droga há alguns anos, as crianças o amavam como um pai, ele os vira tornarem-se dois jovens maravilhosos, o se apaixonara perdidamente pelos dois, a garota virara sua joia preciosa, nunca teve coragem de tocar Layne, apesar de sentir um desejo quase insuportável pelo garoto, jamais faria isso, era quase seu filho  e  sua criação também, sabia que os faria tornarem-se como ele, precisava daqueles dois pra sempre perto de si, sabia que o odiariam, e não o perdoariam nunca, mas que se dane, eram seus, faria deles o que quisesse, e fez.
Fez a garota ser sua amante, na primeira vez forçou  mesmo, não podia aguentar mais, precisava possuí-la, ela era tudo pra ele na época, a primeira vez fora antes das transformações, ele  a havia violentado, levado a garota, para seu quarto, começado a tocá-la de forma carinhosa, até que ela ficasse calma, depois suas mãos começar a acariciar seus seios, que lindos eram os seios dela, quando sentiu os bicos duros nas suas mãos, viu que ela estava desesperada e ainda assim ficando excitada, começou a pressionar com um pouco mais de força, ela gemeu tentando fazê-lo parar, mas era tarde, ele já estava tão duro, que nada o faria parar, enfiou a mão com força na blusa da garota rasgando o tecido, e com os seios da garota nas mão começou a lambê-los devagar, a garota assustada não ofereceu resistência, apesar do medo ela estava excitada, podia ver em seus olhos, o brilho animal do desejo, lambia e chupava os seios  com força, suas mãos desciam pelo corpo dela, até chegarem onde queria, no meio das pernas, ela enrijeceu o corpo de medo.
-Calma doçura, Scott falava docemente, enquanto sua boca procurava a da garota, lambia seus lábios devagar, sua língua forçando a entrada da boca que cedeu mais facilmente do que ele imaginava, suas mãos alcançaram o alvo, as pernas cediam devagar, enfiou os dedos na calcinha dela, estava tão molhada que ele quase gritou de excitação ao sentir aquilo, seus dedos acariciavam a garota ela parecia enlouquecer de prazer, começando a retribuir os beijos de uma forma que Scott achou que não iria mais aguentar, a garota parecia ter sofrido uma mudança de personalidade, parecia uma mulher pronta para o sexo, ele não aguentou mais, arrancava com força toda a roupa dela, sua língua trabalhava feroz, suas mãos eram violentas, a única coisa que conseguiu foi abrir as calças desajeitadamente e com força penetrou a garota, ela gritou, isso o deixou ainda mais enlouquecido, começou o movimento de penetração com rapidez e violência, ela parecia assustada mas estava tão excitada quanto ele, ela o agarrou com força, com a boca colada na sua, se esfregava no seu corpo.
-Deliciosa você é minha, será minha pra sempre.
-Com força, vem.
Aquilo fez Scott sentir vontade de gozar na hora, nunca imaginou que a garota seria assim tão sua, sem resistência, o desespero era tão grande que ele teve que parar por um momento para não acabar ali, ela por sua vez, continuava o deixando enlouquecido com sua boca, ela o lambia devagar, com beijos deliciosos e provocantes, apertava seu corpo contra o dele ainda mais, como uma provocação pra que ele gozasse, ele a puxou com força, obrigando a se virar, abrindo as pernas dela, penetrou com violência, ficando cego de prazer. Sabia que a garota ainda não terminara, começou com satisfação a esfregar os dedos nela pra que ela gozasse também, chupava e a lambia com prazer, e viu quando ela começou a se mexer com força apertando seu corpo no dele, e a viu gozando, que maravilha foi aquilo.
Layne sabia o que tinha acontecido nessa época, e não gostou, sentia um ciúme doentio da sua irmã, apesar de saber que ela costumava fazer sexo em troca de coisas que os dois precisavam quando estavam nas ruas, mas com Scott era diferente, ele sabia que sua irmã havia desejado apesar de nunca ter se manifestado, dito ou demonstrado qualquer coisa nesse sentido, Scott os retirara das ruas, cuidara deles dois, agora estuprar sua irmãzinha? Caralho, isso ele não podia suportar, sentiu ciúme pelos dois, por ela, por seu amor estranho e por ele, sem saber direito o porquê.
Scott era um homem estranho, já o vira diversas vezes com rapazes, uma vez ficara espiando por uma fresta da porta, quando Scott levara dois garotos para casa, e passou a noite toda com eles, fazendo sexo e usando drogas, vira tudo  Scott, seduzindo os dois, e fazendo sexo, de forma violenta e excitante, ficara excitado vendo aquilo tudo, e se podia se lembrar bem daquela noite, Scott sabia que ele estava assistindo, por vezes olhava na sua direção e sorria, apesar de Layne saber que não podia ser visto, e cada vez que Scott olhava na sua direção, parecia ficar mais excitado e violento. Scott costumava drogar suas presas, oferecendo diversão, fazia com que bebessem muito cheirassem muito pó, uma mistura incrível, depois enquanto penetrava suas presas, costumava acender cigarros de maconha e fumava enquanto transava, forçava seus parceiros e parceiras a fumar e cheirar durante o ato, era estranho e excitante vê-lo esticando pó no corpo daquelas pessoas, e aspirando enlouquecido, aquilo deixava  mais perturbado ainda, por fim, espiar Scott em seus atos sexuais, acabara virando uma coisa que Layne não conseguia evitar, e tudo indicava que Scott sempre sabia e fazia questão de deixá-lo assistir, aquele homem,  aquele monstro, tão desprezível e ainda assim nenhum dos dois podia mais viver longe desse monstro dominador.
Com o passar do tempo, Layne começou a sentir uma raiva contida contra Scott, o que ele fazia com sua irmã era desprezível, ele costumava sodomizá-la, ao que parecia que ela correspondia sendo submissa e atendendo aos desejos cruéis daquele homem, ela não conseguia reagir contra ele, ele nunca soube se ela gostava daquilo, ou se submetia para não sofrer coisas piores nas mãos dele, só que a situação começou a ficar insustentável, ele não podia continuar lá, vendo sua irmã se tornar o brinquedo de torturas sexuais daquele homem louco, ele costumava insinuar que queria fazer o mesmo com ele, mas nunca iria acontecer, ele queria os dois irmãos,  queria os dois juntos, sua monstruosidade era tão imensa, que uma vez dissera em tom de brincadeira, que seu sonho era assistir os irmãos juntos na cama, queria ver seu garoto penetrando a irmãzinha, aquilo fora demais, Layne partiu com todo seu ódio pra cima de Scott, tentando atacá-lo com fúria, foi uma briga cruel, por fim, Scott o dominou,  e Layne apanhou, Scott batia tanto, dava chutes na cabeça de Layne, o garoto parecia não reagir mais.
-Vermezinho.  Scott puxava o garoto pelos cabelos, falava rosnando perto de seu rosto ensanguentado, falava com uma ferocidade que nunca vira antes.
-Escuta bem garoto, se eu quiser ponho vocês dois juntos e obrigo você a foder sua amada irmãzinha, tá entendendo? Seu merda ficou com raiva porque eu revelei seu maior desejo não é mesmo? Sei que sonha com ela, sonha em colocar esse seu pau dentro dela com força, como e eu faço, sonha beijar aquela boquinha deliciosa e chupar aqueles seios de anjo, sei disso garoto, eu posso ler os seus desejos mais secretos, e sei que queria ser dominado por mim, seu sonho mais profundo é estarmos nós três juntos, eu sei disso, e esse também é o desejo dela, e o meu, todos compartilhamos dessa vontade. Porque não faço logo? Porque desprezo você, essa sua bondade, esses conflitos de anjo que você carrega, te tornam fraco e pequeno, não vou deixar você fazer isso com ela entendeu? Vou te chutar daqui pra fora, por você num buraco qualquer seu bosta! Nunca mais, nunca mais entendeu? Você vai tentar me questionar ou ir contra uma ordem minha.
Scott jogou a cabeça de Layne com força no chão, sua irmã apareceu nesse momento, seus olhos arregalados podiam descrever o que ela via, seu irmão ali no chão machucado, sangrando pelo nariz e boca, caído no chão chorando com o mais puro ódio.
-O que você fez? Seu monstro desgraçado! Ela batia em Scott, que ria divertido com as tentativas dela em feri-lo.
-Acalme-se sua vadiazinha, ele pediu pra apanhar, esse merda, não gostou de ouvir a verdade sobre vocês dois, os irmãozinhos que querem foder e não fodem porque são cheios de escrúpulos, não podem.
-Cale a sua boca seu nojento!
-Cale-se você cadela, e vá limpar esse bosta desse seu irmão, e depois vou por ele pra fora daqui, não quero mais viver com o anjinho perturbado, ele está fora, quero ele na rua agora mesmo entenderam? Vocês dois me entenderam?
Puxava a garota pelo cabelo com força pra fazê-la olhar para ele enquanto falava, com aquele jeito de rosnar ao invés de falar. Quando puxou ela pelos cabelos ainda teve a ousadia de beijá-la na boca enfiando sua língua maldita dentro da boca da garota, que não ousou contrariar e correspondeu aos beijos que a machucavam.
-Limpe-o e mande ele sair, quando eu voltar, não quero sentir nem o mais leve cheiro de anjo por aqui. E saiu batendo a porta com violência, deixando os dois ali no chão, derrotados e humilhados.
Ela começou a levantar seu irmão com carinho e delicadeza, ele estava realmente machucado, nunca vira Scott agir assim, ainda mais com ele seu menino, como costumava dizer.
-O que ele disse pra você ir pra cima dele meu querido? O que foi? Porque ele bateu tanto em você?
-Não importa, dizia já se levantando, vou embora mesmo, não posso mais ficar aqui, você virá comigo?
Ela olhava apavorada para o irmão, não podia estar acontecendo, não era possível, ela não podia deixá-lo partir assim.
-Meu bem, calma, vamos cuidar desses machucados primeiro ok? Depois vemos o resto.
-Não! Você não está vendo? Não podemos continuar com isso, precisamos ir embora, ele faz o que quer com você e você deixa, parece que nem liga…
-Não é isso querido, você não entende? É uma forma que tenho de controlar ele também. Até agora eu estava conseguindo e o          mantinha longe de você, não deixei ele te fazer nenhum mal.
-Mal a mim? Seu tom era de desprezo.
-Sim, como ele fez hoje, olha só pra você meu querido, ela o abraçava gentilmente.
-Ora, me deixe, eu não posso continuar aqui vendo tudo o que esse cara faz e ficar quieto, eu não aguento mais entende?
-Layne, o que aconteceu aqui realmente? O que foi que Scott fez pra deixar você com tanta raiva? Me diga!
-Nada, não importa mais, estou indo embora, se não vier comigo, então é o nosso fim.
-Não!
Ela não conseguia mais controlar as lágrimas, a tensão de ver seu irmão machucado indo embora era demais, chorava descontroladamente.
-Calma amor, estou indo embora, mas sempre darei um jeito de mandar notícias pra você, está bem? Olhe pra mim, preciso que me olhe nos olhos e sinta que estou dizendo a verdade, nunca menti pra você, confie em mim, vou mandar notícias sempre, ok?
Layne virou as costas pegou uma camiseta que estava numa cadeira e saiu, sem mais nada, não queria nada daquele lugar.
Partiu, deixando sua irmã chorando desconsolada em desespero, nunca haviam se separado e agora, não havia a menor possibilidade de mudar o fato.
Quando Scott retornou sabe-se lá de onde, encontrou a garota sentada no mesmo lugar, onde a briga tinha acontecido, ela ainda segurava o pano que tinha limpado o rosto do irmão, seu sangue nas mãos.
-Hey garota, o que está fazendo aí, levante-se, ele a forçou a se levantar e praticamente a arrastou para outro lugar. Ela permanecia muda, apática, sem reagir às palavras dele.
-Vai ficar assim? Sem falar nada? Como uma estátua olhando pra minha cara?
-Odeio você! Ela começou a se levantar e caminhar para a saída da sala onde estavam agora, mas Scott a agarrou pelo braço a forçando a parar.
-Onde você pensa que vai? Não mandei você sair.
-Me solta, seu idiota!
O tapa que sentiu no rosto foi tão inesperado que a deixou completamente paralisada.
-Você pensa que pode falar assim comigo porque coloquei aquele bostinha do seu irmão pra correr? Sabe porque fiz isso? Aquele garoto tentou me agredir porque eu disse umas verdades, não aguentou o que ouviu.
-O que você disse a ele?
-Que ele deseja no mais profundo do seu ser é poder foder a irmãzinha que ele tanto ama.
-Ora seu cretino! Ela tentava arranhar o rosto de Scott, ele a segurava com força, e começou a bater nela, com tapas não muito fortes, para tentar pará-la.
-Seu nojento, como pôde, ela estava engasgada de raiva, como pôde dizer isso…odeio você…
-Calma cadela, fique bem calma agora, ou eu acabo com você e com aquele idiota entendeu?
Scott começou a acariciar os seios dela.
-Pare com isso, que nojo eu tenho de você!
-Calma, e apertava seus seios cada vez com mais força, sabia o quanto aquilo deixava ela excitada, começou a lamber seu pescoço devagar, e sussurrava:
-Eu mando e você obedece.
As lambidas subiam para sua boca, ela entreabria os lábios deixando ele entrar feroz, estava pronta e obediente. Scott arrancou sua calcinha com força, machucando sua pele, e mais uma vez a submeteu com violência, ela obedeceu cega.
-Ajoelha, assim, isso, forçava o sexo oral, obrigando a engolir o pau duro e grande, ela apenas obedecia.



Estava sozinho, havia se livrado de Scott, mas seu ódio não diminuía, sua irmã estava lá, ainda era escrava daquele verme, o que faria? Como tirá-la de lá? Caminhava sem destino, onde iria ficar, não importava, dormiria na rua, tudo bem, sabia bem como era isso, sentia tanto ódio de Scott que não conseguia pensar em nada, precisava achar um meio, como faria, ainda não sabia.
Andando por aqueles becos, procurava o caminho do lugar onde conhecia pessoas que o deixariam dormir em um canto qualquer. Estava desconcertado, a discussão com Scott ainda o perturbava, as palavras grosseiras ainda estavam ecoando em seus ouvidos, aquilo era mentira, como Scott podia ter sido tão monstruoso dizendo aquilo? Sua irmã...precisava esquecer, precisava apagar aquilo da lembrança. Encontrou o lugar que queria, a luz estava acesa, nem precisou bater, a porta se abriu.
-Hey garoto, é você? O que está fazendo por aqui? Veio atrás de diversão não é mesmo?
O homem que abrira a porta era um conhecido seu, um traficante, de aspecto nojento e violento.
-Entre, tenho o que precisa, com certeza tenho tudo o que quiser, está com grana aí?
-Sim, isso não é problema.
-Haha, nunca é no seu caso, não é mesmo?
- Hum hum, apenas resmungou, não queria conversar, queria apenas enlouquecer e ficar alto, sair dali, apagar o que havia acontecido.
-Sente-se, tenho uma coisinha diferente pra você hoje, tem medo de agulhas?
-Não, porque?
-O que você vai usar hoje, meu velho, vai direto pra sua veia, você não vai acreditar no poder dessa coisinha.
-O que é isso?
-Heroína, meu chapa, o barato do momento, já ouviu falar?
-Já, ouvi qualquer coisa por aí.
Nessa época, essa droga estava começando a circular pelo mundo, ainda era uma novidade cara e de pouco acesso, e prometia uma viagem louca sem controle.
-Vamos lá então, quero essa tal de heroína, com faz?
O traficante preparou a dose, colocou na seringa, e aplicou em Layne, em poucos segundos a reação, uma coisa tão violenta e assustadora, que ele não conseguia entender o que estava acontecendo, sentiu medo nos primeiros instantes, mas depois, ah, depois nada, a libertação, ele estava longe, voando alto, o corpo tendo espasmos, deitado naquele sofá imundo, que delírio! Era tudo o que ele queria, esqueceu.
E ficou lá a cada dose, o esquecimento, a loucura a dor, tudo junto, o medo, a sensação de alívio momentâneo, queria mais, e mais, ficou ali por aproximadamente uma semana, queria ficar para sempre, não queria mais viver, queria arrebentar o coração, explodir seu cérebro, mas não conseguia, que seja, ficaria assim pra sempre, rastejaria na sua existência, não retornaria nunca mais.



Os dias que se seguiram, foram os piores dias da sua vida, esperando seu irmão mandar notícias que nunca vinham. O desespero de estar ali sozinha, prisioneira de Scott, sem forças para fugir ou atacá-lo, recebendo doses diárias daquela maldição, ele a obrigava e engolir, queria que ela fosse indestrutível como ele, seria a noiva do monstro, aquela que não seria tocada por mais ninguém. Scott a manteve trancada em um quarto por semanas, ela estava esperando o retorno do irmão.
Scott era cruel, não permitiria que ela reagisse, a estava transformando em monstro como ele, ela e o irmão já vinham recebendo o godsmack há muito tempo, não era necessário mais, porém, Scott a queria presa a ele, acorrentada psicológica e emocionalmente dependente, podia assim usá-la como quisesse, ele tinha uma obsessão doentia por ela e não escondia isso, dizia que seu maior prazer era machucá-la e ainda assim vê-la gozando, mesmo enquanto a torturava era doentio e repugnante, ela sabia, mas aceitava, já não queria mais reagir nem lutar, deixou isso para Scott, ele cuidaria de tudo, prepararia as fugas, controlaria os grupos e faria a guerra, ela seria uma sombra atrás da porta, não podia morrer e nem matá-lo, queria seu irmão.
Scott agia com verdadeira crueldade, deixando ela ali por dias apenas enviando alguém para ministrar a dose, e deixando apenas água, dias depois aparecia, e a obrigava a fazer sexo, das formas mais submissas, a obrigava a atos que ela nunca imaginaria, costumava estrangulá-la durante o sexo, agia com força, usava objetos que a feriam,  humilhava obrigando a lamber seus pés, até a andar de quatro, como uma cadela, ele parecia se divertir bastante com aquilo, costumava cuspir em seu rosto, a forçando a lamber e engolir.
Começou a bater nela, ela não tinha força para reagir, estava ali há dias, sem comida, fraca, ele batia, e por um momento quando parou de esbofeteá-la, ela viu que ele chorava, tinha o olhar assustador, mais do que o que ela já tinha visto, ele parou, e ficou encarando-a, ela tentou se afastar para um canto para fugir de mais agressões, ele tinha terminado, olhava para ela e chorava, sem se mexer.
-Sei onde o bostinha do seu irmão está, falou com tom de desprezo, acendeu um cigarro, como se não fosse nada.
Ela ficou alarmada, apesar de sentir o rosto queimando, seu medo por Layne era maior.
-O que você fez?
-Nada, não vou fazer nada com ele, estamos vigiando aquela porra de garoto, sabe que ele está num beco há mais de uma semana se drogando? Usando uma merda nova que apareceu, uma coisa que injetam na veia, e promete loucuras.
-Deixe ele em paz, por favor, eu estou aqui, ficarei sempre com você, deixe meu irmão, não o machuque. Seu medo era tão intenso que começou a tremer.
-Vou deixar ele em paz, mas preciso saber o que ele anda fazendo e com quem anda falando, não posso largar ele por aí, ele é doido, pode começar a falar coisas.
-Ele não fará isso, jamais faria, ele só quer se afastar de toda essa sujeira, só isso.
-Aquele idiota! Tem se drogado mais do que qualquer um pode aguentar, ele é um monstro e não sabe usar o poder que tem. Seu tom de desprezo e raiva eram nítidos.
-É melhor assim, não é mesmo? Ele nunca vai tentar disputar o poder com você, e isso já é um alívio pra mim, não iria aguentar ver vocês em combate, mais do que já fizeram todo esse tempo. Ela começou a chorar, de alívio por ter notícias de seu irmão, e de medo, em pensar que Scott sabia o paradeiro dele, se quisesse, poderia fazer algo contra ele, e ela ali, presa, sem poder fazer nada para cuidar de seu irmãozinho.
-Me tire daqui Scott, acho que já me castigou o suficiente não é mesmo?
Ela estava sentada no chão num canto do quarto, sentindo seu rosto queimando ainda com as marcas das mãos dele.
-Vou tirar meu bem, você já aprendeu que eu mando aqui, e você deve ser minha e obedecer a cada ordem que dou, não é mesmo? Falava isso, e se aproximou dela, segurou seu pescoço, dessa vez com delicadeza, e começou a beijá-la, com amor e doçura, aquilo a assustou mais do sua violência, tremia mais ainda, mas correspondia aos beijos dele, não queria que se zangasse e ficasse violento.
Ele a ergueu com cuidado no colo, e a levou para a cama, tirou aquele vestido que usava há dias, tirou sua calcinha, ela estava completamente nua, e assustada, porém ele foi doce, acariciou seu corpo com amor, acariciava seus seios, e os beijava, descendo os beijos por todo o seu corpo, chegou nas suas pernas, e as abriu  devagar, e começou a beijar e lambê-la, até chegar no meios das pernas, e fazer um sexo oral delicado, apenas  dessa vez, ele conseguia deixá-la extremamente excitada, mesmo com a raiva que ela sentia, não podia evitar, ele era um homem maravilhosamente belo e sexy, e aquilo era impossível de esquecer, ele a deixou completamente entregue.
-Quero você dentro de mim Scott, pediu quando ele subiu novamente para sua boca, foi atendida prontamente, e dessa vez, um sexo normal, delicioso, sem maldade, ele a deixou sentir seu amor, sem o poder da dominação, apenas um homem, amando uma mulher, ele parecia até normal. Ela chorou, o amava apesar de tudo.
-Vamos, deixe-me tirar você daqui, daqui pra frente você vai viver como se você fosse minha garota, como dizem por aí, minha namorada, vai estar comigo, precisamos ir atrás daquele bispo de merda, ele anda exagerando, está misturando nosso veneno nas águas da cidade, quer fazer uma lavagem cerebral em todos, quer disputar o poder comigo, usando um exército de lixo humano, vou ensinar a ele que não pode tentar me enganar. Tenho que tomar providências, viu como a religião dele se prolifera nesse lugar? Ele está dando doses aos fiéis, que por sua vez levam sem saber pra casa e dão para seus filhos como se fosse uma coisa santificada, aquele filho da puta… vou mostrar a ele…
-O que vai fazer Scott? A coisa está saindo do controle? É isso?
-Acontece que nosso acordo era fazer algumas pessoas se tornarem como nós os escolhidos e aquele cara começou a quebrar o acordo, esse cara que nunca conseguimos eliminar, é nossa pedra no sapato, montou sua legião de fanáticos, e o pior de tudo deu aos exércitos doses tão violentas, que os tornou verdadeiros animais.
-Sim são como animais, essa coisa fez com que se tornassem a versão mais primata da mutação, tenho medo Scott, será que ficaremos como eles?
-Não sei dizer, acredito que não, nosso intelecto é superior, talvez ajude a segurar e controlar esse rebaixamento, não sei. Veja seu irmão, se tornou um poeta, um anjo maldito, que não quer lutar, não quer combater esse mal.
-Ele sempre foi um anjo, sempre teve a alma mais pura que nós, sempre sofreu mais com tudo isso, às vezes me arrependo de ter feito isso com ele, devia tê-lo deixado viver seu tempo…mas eu não poderia ficar aqui sem ele.
-É, não poderia viver sem ele, e agora temos que vigiar esse garoto, e cuidar dele, porque ele de tempos em tempos tentar enlouquecer pra fugir, e o pior é que não adianta, ele nunca vai conseguir, mas que se foda, ele que viva com as dores da mente, que sua alma queime no inferno!
Scott amava Layne, de todas as formas, como filho, como um amante desejado que nunca possuiu, como amigo, e como inimigo, talvez fosse seu maior desejo depois da irmã, ele queria tanto aquele garoto, mas nunca teve coragem de tocá-lo de forma que o assustasse ou o fizesse reagir mal, queria ter aquele rapaz nos braços, seu maior desejo era possuir irmão e irmã juntos, e vê-los trocando carícias entre si, só o pensamento já fazia seu pau endurecer, queria violentar Layne, beijá-lo em todos os lugares, chupá-lo até fazer com que gozasse na sua boca, era um sonho que tinha, talvez por isso, sentisse tanto prazer em descontar na irmã a violência de não poder tocar naquele que era como seu filho.
-Vá para seu quarto, tome um banho, bem faça o que quiser, não vou prender você, será minha companheira, você é a única que tem inteligência pra poder me ajudar e destruir esse verme religioso.
-Obrigada Scott, estarei com você, não se preocupe, só quero te pedir uma coisa.
-Já sei o que vai me pedir, não vou atrás dele, vou deixá-lo em paz.
-Peça pra cuidarem dele sim? Preciso saber que ele está protegido, mesmo que fique lá se drogando por toda a eternidade, tenho que saber que está vivo, só assim poderei ser sua companheira.
-Está certo, agora me deixe em paz, vou sair, dar um giro pela cidade pra ver como as coisas estão, e trazer um pouco de pó pra gente usar mais tarde. Fique linda pra mim essa noite, vou querer trepar com você, já estou querendo agora, mas não vai dar, preciso sair. Mordeu de leve os lábios dela, automaticamente sua língua avançou pra dentro da boca, ele não conseguia evitar o desejo.
Saiu, sem uma palavra, ela se sentiu aliviada de vê-lo indo embora, era sua escrava sim, e gostava de ser submissa a ele, ou se acostumara, já não sabia mais, há tempo vinham vivendo juntos, não sabia se sentia ódio ou amor, talvez as duas coisas fossem uma só.
Nessa época, ela achava normal viver sob o jugo de Scott, antes, há tempos atrás, as coisas não eram assim, Scott apesar de ter criado ela e  seu irmão, não os tratava com crueldade, eram uma família, sim naqueles tempos eles ainda se consideravam felizes depois da morte dos pais biológicos, depois de terem vivido pelas ruas, e sofrido todo o tipo de abusos, ela e o irmão viveram por longo tempo felizes e ingenuamente com Scott, até que em um determinado tempo, Scott achou que era hora de torná-los iguais a si, e começou lentamente a ministrar doses da “benção” nos alimentos dos dois, foi então que as mudanças físicas começaram, a agressividade aflorou, o desejo sexual, e a paranoia.
Então Scott começou a demonstrar outro tipo de amor pelos dois, começou a revelar sua verdadeira essência animal, e a forçou sexualmente, disse que era preciso torná-la sua, era assim que devia ser,  ela na época não pôde lutar contra ele, Layne estava sofrendo, perdido ele não queria se transformar e havia fugido pela primeira vez, e Scott dissera a ele que quando o achasse o esmagaria, ela não poda permitir, então resolveu aceitar a violência sexual de Scott, para desviar sua atenção de seu irmão, funcionou, por um certo tempo apenas, depois as trevas chegaram para os dois, ela e o irmão se tornaram de certa forma prisioneiros de Scott, ele já  o havia  achado perambulando perdido em praias distantes, e havia obrigado a voltar, dizendo o quanto maltrataria a irmã se ele não retornasse. Ele voltou, e a partir daí foi obrigado a se tornar monstro também.
Sua irmã dizia que se os dois ficassem tão fortes quanto Scott, poderiam fugir, se livrar de tudo aquilo, ir para longe, e viver como pessoas normais, ele achou que poderia acontecer, mas as coisas não saíram como o planejado.
Scott não era bobo, sabia muito bem o que os irmãos planejavam,  por isso os manteve sob vigilância constante, deixava que o rapaz se drogasse o quanto quisesse, e de preferência deixava a irmã também, dopando os dois dessa maneira, podia cuidar pra que não se rebelassem os dois ainda eram jovens, ia esperar um pouco mais pra transformá-los de vez, por enquanto ia ministrando pequenas doses de maldição nas suas vidas, eles não percebiam, e aos poucos ia adquirindo  o poder que queria que adquirissem, depois, quando se dessem conta, seria tarde, a coisa já estaria feita, eles não iam mais se livrar daquilo, seus corpos estariam modificados para sempre.
Ele sabia o quanto sentiriam ódio dele por isso, que tentariam de tudo pra se livra da coisa toda.
O tempo foi passando ele viviam em relativa paz, não se podia dizer que viviam em harmonia, depois que as brigas começaram, que Layne, começou a se rebelar contra Scott, as coisas nunca mais foram as mesmas, Scott sabia que perderia a mão se afrouxasse o controle sobre eles, sabia que o garoto lhe traria problemas com o passar do tempo, até mesmo a garota seria um problema, os irmãos tinham uma personalidade diferente, e fora por isso que os escolhera, fora o brilho dos olhos deles que chamara sua atenção na época, a raiva por trás do distanciamento doloroso, sabia que eram criaturas de inteligência superior, que carregavam um ódio maior dentro de si, bastou um molhar para saber que os queria.