CAPÍTULOS III - IV
III
O conflito com os fanáticos
religiosos começou quando Scott foi traído por um amigo, um grande companheiro
seu, que partilhava do conhecimento e do uso do daquela droga que começou a
transformar o grupo, eles começaram a usar em proveito próprio, mais como uma
diversão experimental, antes esse bispo fanático, seu amigo era apenas um rapaz
como ele louco inconsequente, quando aquele velho estranho os encontrou e os
levou para sua casa e começou a mostrar as maravilhas daquilo, na verdade ele
os usou como cobaias, e dois jovens, na época sempre buscando qualquer coisa que os tirasse do chão, quiseram
experimentar, e começaram assim a se tornar o que eram agora, aquele mexicano
maldito os usou, e envenenou e continuou a fornecer a droga para os dois.
O velho nunca revelou porque lhes
forneceu aquilo, nunca explicou seus motivos, e nunca demonstrou nenhum
interesse financeiro para entregar o godsmack a eles, esse mistério era
intrigante, mas nenhum dos dois tinha conseguido arrancar nada daquele velho
estranho, que mal conheciam o que decorreria daí não interessava.
Os dois jovens eram inteligentes
demais, aproveitaram a força que tinham e uniram à sua inteligência natural e
se tornaram verdadeiros monstros dominadores, começaram a dominaram a cidade a
seu modo, como não eram muito voltados para a bondade ou obras de caridade,
obviamente estavam caminhando pelo lado do submundo, mesmo porque, sempre foram
considerados vagabundos sociais, desajustados, como poderiam estar agora com
todo esse poder voltados para obras de caridade? Sim iriam usar a força para
dominar o mundo da escuridão, esse seria seu reino, amigos sempre, dominariam o
mundo, seriam os reis do submundo, ninguém poderia com eles.
As coisas caminharam assim por
alguns anos, a cidade estava controlada, as drogas, a prostituição, tudo era
dominados por eles dois, ninguém, ousava desafiar os amigos estranhos, como
costumavam dizer, mesmo porque, qualquer rebelião era tratada de forma cruel
por Scott, qualquer desobediência, sofria um ataque feroz, a morte era dolorosa
e torturante, os "funcionários deles evitavam desagradar os
"patrões".
As coisas funcionavam assim, até que
Scott resolveu que queria viajar novamente para países subdesenvolvidos, queria
conhecer mais a miséria de outros lugares e ver como poderia tirar proveito
disso também, queria aumentar seu poder, sua fortuna, estava pensando em fazer
testes com a droga em algumas pessoas, longe dali, tentar entender o como
funcionava, talvez descobrir como era feita.
Resolveu comunicar seu amigo da
decisão.
-Vou viajar.
-Pra onde?
-Não sei ainda, estou pensando,
quero ver como as coisas funcionando em outros lugares, estou querendo conhecer
a pobreza os miseráveis de outros países, ver o que podemos tirar proveito, o
que acha?
-Cara, temos esse país inteiro para
fazer isso, veja, expandimos nossas ações por vários estados, temos um exército
trabalhando pra nós, graças a nossa fórmula mágica, dava uma risada
desagradável quando falava, conseguimos controlar essa porra toda, esses vermes
que rastejam pelos becos todo o lixo humano que vive nessa merda, controlamos
tudo, toda uma rede, podemos controlar tudo se quisermos cara, você é cheio de
pudores, podemos jogar essa porra na água da cidade.
-Caralho, não, a coisa sai do
controle, aí fode tudo, você não percebe? Não é assim, promovendo o descontrole
que conseguimos fazer as coisas.
O caos, apesar de tudo deve ser
controlado, o medo, deve ter como princípio, o fim, deve haver a esperança da
libertação, da salvação, você nunca vai entender isso?
-Eu entendo ok, está certo, faça
suas viagens, conheça essa gente, veja o que rola, traga novas drogas cara,
vamos aumentar nosso poder.
-Vamos cara, vamos, agora vou pro
quarto, quero fumar meu ópio preciso viajar um pouco, me acompanha?
-Vamos, também quero.
Foram para um quarto que era
especialmente feito para o uso dos cachimbos de ópio, havia pessoas que ficavam
para preparar os cachimbos. Deixar tudo
pronto e confortável para os chefes.
Depois que Scott partiu em viagem,
as coisas mudaram, quando retornou com suas crianças encontrou uma Seattle diferente, ele ficou
fora por dois anos, encontrou a cidade modificada, cheia de igrejas das quais não
se lembrava antes, de uma religião que jamais tinha ouvido falar.
Scott estava com os irmãos, os dois
jovens que havia trazido do Brasil, foi direto para sua casa, a procura de seu amigo,
a casa estava vazia, nem um dos funcionários que cuidavam da residência estava
lá, a casa estava abandonada, a raiva ia aumentando, sentia que estava sofrendo
alteração, não queria mostrar sua monstruosidade para aquelas crianças agora,
não podia, precisava se controlar, queria estraçalhar alguém, ódio, onde estava
aquele merda?
-Crianças, escutem, essa será nossa
casa, preciso sair e resolver uma coisas urgentes, ele falava baixo, tentando
controlar a raiva, aquele rosnado que lhe era peculiar.
Os irmãos ficaram na casa, sem saber
direito o que estava acontecendo, Layne se sentou no sofá e pareceu distante
como sempre, Penny começou andar pelo cômodo, e observar a mobília com
curiosidade.
-Vamos olhar os outros lugares da
casa?
-Pode ir, vou ficar aqui, acho que
não há nada demais para ver nesse lugar.
-É só curiosidade mesmo querido
vamos comigo, essa casa enorme, e estranha, você não acha?
-Tudo por aqui é estranho não é
mesmo?
-Acho que sim.
-Acha, você sabe que sim, porque as
vezes você se faz de boba? Porque finge não saber das coisas?
-Pare com isso Layne, vamos andar
por aí quero ver o tem nesse lugar, Scott é tão estranho não é mesmo?
-Então porque aceitou vir pra cá com
ele?
-Porque você está me atacando desse
jeito? está arrependido? pensei que você também queria ter saído daquela merda
que a gente vivia.
-Sim, trocamos uma merda nas ruas,
por uma merda de luxo.
-Nossa não estou entendendo você,
parece que está com raiva de tudo, antes parecia bem, agora, mudou o
comportamento.
-Esquece, vamos andar por essa casa
e bisbilhotar como você quer.
Ele parecia contrariado, mas tentou
não passar isso para a irmã no momento, sabia que havia alguma coisa errada,
sua irmã também devia saber, mas parecia deixar passar, ou não queria pensar
nisso agora, as coisas, não seriam tão tranquilas como Scott tinha feito
parecer quando os tirou do Brasil.
Vasculharam vários cômodos da casa,
era uma casa imensa, eles nunca tinham estado numa casa tão grande assim,
aquilo não impressionava o garoto, mas a menina bem, era uma garota, e gostava
dessas coisas, conforto, luxo, beleza, essas coisas de mulher, a casa era
luxuosa, moderna para a época, ficava numa região afastada da cidade, não
tinham vizinhos que pudessem avistar pelas janelas. Ao mesmo tempo em que viam
conforto e tranquilidade, podia-se sentir ali, um estranhamento no ar, coisa
que Layne sentira desde o primeiro momento que entrara, o rapaz possuía uma
sensibilidade apurada, estava sempre atento, apesar de transmitir sempre um ar
distraído e por vezes apático, talvez fosse essa sua defesa, assim passava
despercebido, porém observava com atenção tudo e todos.
-Veja, aquela porta, que estranho
não é, onde será que vai dar, não parece ser um quarto, será o porão?
-Deve ser, deixe, vamos voltar para
aquela sala, venha.
-Vamos espiar lá.
-Não! ele respondeu com raiva, sentia
calafrios de pensar em entrar naquele lugar, queria sair de perto daquela porta
o mais rápido possível, não sabia explicar.
Era o cômodo particular de Scott,
usado para suas visitas sexuais, ele nunca usava seu quarto pessoal, tinham um
exclusivamente para suas estranhas diversões.
-Vamos voltar para aquela sala, ok?
-Ok, desculpe, não queria deixar
você bravo.
-Não estou bravo querida, mas você
está exagerando, acabamos de chegar nesse lugar e você já está mexendo em tudo,
o cara nem está aqui, porra, queria fumar um baseado
-Layne, você não tem jeito mesmo.
-Sou uma alma perdida irmãzinha,
você sabe disso.
-Não diga isso, você é meu anjo
protetor e sabe bem disso.
-Sou mais seu demônio protetor e
você minha bruxinha, não é mesmo? Somos dois diabinhos nessa terra maldita.
Os dois riram, afinal viviam soltos
pelo mundo há tempos, não faziam questão de fazer as coisas da maneira correta,
e pareciam se divertir bastante assim, esse fora um dos motivos que fizera
Scott escolhê-los quando os vira, depois de passar em revista suas mentes, se
apaixonara pelos dois, apesar de serem estranhos, tinham almas que queriam
elevação, viviam um conflito torturante, isso era apaixonante.
Voltaram para a sala, Layne voltou a
se sentar no mesmo lugar em que estava antes da expedição pela casa, a irmã
sentou-se numa poltrona ao lado, mas parecia inquieta.
-Você não consegue ficar parada não
é mesmo?
-Não, essa espera, ficar aqui sem
fazer nada, é uma coisa irritante, você não acha?
-Na verdade não, pouco importa.
-Me lembro sim.
-O que?
-Mamãe.
-Ah sim, eu sei que lembra.
-Ela era daqui, não é uma estranha
coincidência?
-Será mesmo uma coincidência? Será
que esse cara não foi atrás da gente com algum propósito, sabendo quem nós
éramos?
-Você acha mesmo, que isso pode ser?
-Não sei, que se foda, vamos fumar?
-Não tenho cigarros.
-Eu tenho.
Estendeu o maço para Penny, acendeu
o cigarro para ela como um perfeito cavalheiro, o rapaz era uma mistura
intrigante de malandro e anjo, uma agonia de se ver tanta beleza numa mente tão
conflitante.
Ficaram por ali esperando que o dono
da casa voltasse, o que demorou para acontecer, porque Scott estava ansioso em
busca de notícias nas ruas, queria saber exatamente o que estava acontecendo, e
o que significavam aquelas igrejas novas, se era mesmo o que ele estava
pensando, se seus pensamentos seriam confirmados, e se fosse verdade, as coisas
iriam se complicar bastante.
Foi arrancado brutalmente das
lembranças com o final do efeito da viagem, abriu os olhos, estava deitado
naquele sofá imundo ainda, não conseguia saber há quanto, não conseguia saber
direito como tinha ido parar ali, precisava se situar aos poucos, sua cabeça
doía, seus olhos não enxergavam, estava tudo escuro, nenhuma luz para um
direcionamento. Mas aos poucos foi se adaptando à escuridão, se lembrando
porque estava ali, só não sabia há quanto tempo. Estava sozinho realmente,
começou a andar, o lugar estava uma bagunça, sujo, cheio de seringas
espalhadas, pó, latas de cerveja, garrafas de vodca, as janelas estavam abertas,
o frio era cortante, a chuva entrava, ele estava gelado, talvez por isso tenha
acordado, o fim da viagem e o frio acabaram despertando Layne, procurou o
casaco com que havia chegado, estava jogado num canto no chão, vestiu o casaco,
mas parecia não ser suficiente, estava procurando um pouco mais de heroína, não
havia mais por ali, havia consumido toda, um inferno aquilo, que droga
infernal! Uma pessoa normal sem o demônio que ele tinha por dentro se matava
muito facilmente com aquilo, ele precisava sair às ruas e ver isso de perto.
Achou pó ali num saquinho na mesa, esticou dois tiros, o efeito daquilo foi
suficiente para acelerar seu metabolismo e aquecer de certa forma seu corpo.
Precisava sair daquele chiqueiro, saber que dia era, precisava saber notícias
da sua irmã, precisava ir embora, precisava morrer.
Scott há tempos tentava aniquilar
seu ex amigo, agora um inimigo mortal, mas ainda relutava, talvez pelos velhos
tempos, ou por não conseguir mesmo, por serem iguais, terem a mesma força,
talvez não pudessem, se conheciam muito bem, conseguiam apenas eliminar as
criaturas que iam sendo criadas ao longo do tempo para fazer o trabalho sujo
por eles, aqueles que ficavam nas ruas, ou aqueles que serviam nos testes, a
massa que estava sendo manipulada, na verdade uma parte dessa gente se auto
destruía mesmo, nem era necessário tanto trabalho assim, Scott tinha preguiça
de lidar com a massa, preferia deixá-los a sua própria sorte, sua atenção se
voltava a penas àqueles que considerava dignos de salvação, que despertassem
seu interesse em algum aspecto, que fosse por beleza, malícia, inteligência, ou
até mesmo pela pureza, o que fosse, se a criatura chamasse sua atenção ele
faria alguma coisa e traria para sua proteção, se não, largaria pela cidade. a
cidade inteira enfrentava uma onda de violência, e fanatismo religioso nunca
antes vista, Scott sabia que o causador disso era o bispo, ele havia se tornado
um fanático maldito, hipócrita, ele usava uma religião torta e distorcida, que
abusava da ignorância do povo, se dizia ungido pelo Senhor, tirava dinheiro dos
fiéis, arrancava tudo dos pobres coitados, na garantia de terem seus lugares
garantidos nos céus, e que o sofrimento na terra era para livrá-los dos
castigos do infernos, que deviam agradecer esse sofrimento, que deviam doar
tudo o que tinham e se flagelar, em penitência, para assim alcançar o paraíso,
se livrando do demônio que anda na terra, o demônio que está em todos os
lugares.
Esse maldito filho da puta,
distribui aos fiéis de sua seita, "água santa", onde coloca pequenas
doses da droga criada pelo antigo bruxo mexicano, batizada com o irônico nome
de godsmack. Essa porra dessa droga causa surtos de medo e paranoia, momentos
de violência e descontrole de personalidade, é isso o que ele quer, assim ele
consegue disseminar na população que o demônio está caminhando na terra, e
começa a amealhar as almas perdidas e aterrorizadas, sem saber onde encontrar
alívio de seus males, acreditar com sua ignorância que lá está sua salvação.
Essa merda toda ele vem disseminando pelo mundo há algum tempo e Scott, vinha
lutando contra isso há tempos, mas as coisas não melhoravam, pareciam a cada
dia fugir mais ao controle de ambos os lados. Scott andava pelas ruas, falavas
com as pessoas, entrava nos inferninhos, trocava algumas palavras com as putas
nas ruas elas gostavam dele, ele era sempre gentil com todas, até mesmo com os
travestis Scott era gentil, sabia como era difícil a vida dessa gente nas ruas,
e afinal a maioria estava ali trabalhando e sempre tinham informações para ele,
costumava as vezes dar dinheiro ou drogas para eles, eles o adoravam, as putas
sempre se ofereciam para o sexo, ele recusava delicadamente, não gostava de
putas de rua, mas tinha carinho por elas, cuidava de todas.
-Hey Donna! Gatinha, como vai
criança, era uma garota de no máximo vinte anos, uma novata nas ruas vinda de
algum lugar do Texas, fugida dos maus tratos do padrasto alcóolatra e da mãe
que não se importava.
-Scott querido, quanto tempo, veio
para um pouco de prazer?
-Não docinho, hoje não, estou dando
um giro pra ver como estão as coisas, ver como estão minhas meninas, tudo bem
por aqui?
-Apareceram uns caras, pegaram a
Peggy cortaram ela inteira.
-Ora, como não fiquei sabendo disso?
-Ela tava na pedra, sabe como é,
ninguém mais dava atenção a ela.
-Porra, Peggy era minha traveca,
como isso aconteceu?
Scott começou a falar com seu
rosnado. A garota percebeu a raiva de Scott.
-Olha meu bem, me desculpe, eu não
tenho nada a ver com isso, você pode chamar os rapazes e perguntar a eles
porque não falaram com você, não fizeram contato.
-Ok docinho, vá fazer seu trabalho,
falava com raiva contida, tentando parecer normal com a garota, beijou-a na
testa, e deu tapinha no traseiro dela com um sorriso forçado, despachando a
moça para que fosse embora.
Começou a andar em direção a um
prédio onde sabia que acontecia o tráfico mais pesado, onde ficavam olheiros
seus, onde tinha criaturas transformadas numa proporção bem pequena,
farejadores em alerta, prontos para aniquilar os pastores do bispo.
Quando perceberam a aproximação de
Scott, houve uma movimentação, alguns debandaram, saindo quase correndo da
porta do prédio, outros foram se aproximando de Scott, prontos a atendê-lo, as
mulheres que ficavam por ali, se afastaram em respeito, sabiam que Scott queria
falar com os homens a sós.
-Vamos entrar.
Subiram para o primeiro andar, um
apartamento que era mais confortável do que a fachada destruída aparentava,
mantido por Scott obviamente.
-Me fale de Peggy
-Olha chefe...
-Olha o caralho! A raiva era imensa,
ele estava descontrolado.
-Nós achamos que era uma coisa sem
importância, entende?
-Quem fez isso com ela?
-Aquele viado não era nada.
-Escuta aqui seu filho da puta do
caralho, quem determina se alguém era alguma coisa ou não aqui sou eu! E esse
viado era meu! E eu não fiquei sabendo o que aconteceu, e nem quem fez isso com
ele!
-Olha chefe, me desculpe.
-Me desculpe? O ódio de Scott era
tão imenso que seu corpo começou a se repuxar, a pele começou a sofrer, e
esticar, seus dentes ficaram proeminentes, o rapaz ficou assustado, apesar de
saber o ocorria, sabia que Scott era feroz, e que poderia destroça-lo ali em
segundos. Scott estava quebrando móveis tentando aplacar a ira, o rapaz estava
num canto tentando fugir do campo de visão, ele falava de forma animal
assustadora.
-Nunca mais...nunca mais...vou
permitir que algo aconteça nessa merda sem que eu fique sabendo entendeu?
Segurava o rapaz pela camiseta, falava tão perto do rosto do rapaz, que estava
quase colado e via o pavor nos olhos dele, apesar dele ser um transformado, em
menor escala, um soldado raso por assim dizer, ele sentia verdadeiro pavor de
Scott.
-Nunca mais, vai acontecer Scott, eu
garanto, falou num foi de voz.
Quando largou a camiseta do
traficante viu que estava rasgada, ele havia arranhado o rapaz, sem perceber
sua raiva, que se dane, sua vontade era de ter arrancado o coração ali mesmo.
-Descubra se foram os merdas dos
pastores, se foram eles quero todos mortos, mas quero que sejam mortos no mesmo
estilo, que sofram como a Peggy entendeu?
-Claro chefe, pode deixar, o serviço
vai ser feito.
Saiu do apartamento sem mais uma
palavra, o alívio do rapaz foi indescritível.
IV
Eddie passou todos esses dias
esperando por ela em casa, ele sabia que ela voltaria, sempre retornava, era
uma coisa difícil de lidar, por vezes tinha vontade de deixar tudo e ir embora,
já chegara a deixar aquela casa, passou alguns meses longe de tudo, deixou uma
carta explicando que não podia mais lidar com tudo aquilo, que a amava sim, que
ela era e seria para sempre o seu eterno amor, mas que era muito difícil para
ele lidar com os outros, se referia a Scott e Layne, ele sempre soube da
ligação doentia dela com Scott, e do amor problemático com o irmão, sempre
entendeu os dois lados, nunca questionou. Quando a conheceu, foi em meio ao
tumulto da sua vida, ele a acolheu, ela nunca mentiu, ele sabia, e aceitou
aquilo.
Quando a deixou foi a coisa mais dolorosa
que fez em sua vida, sofreu muito, não sabia que rumo tomar, não conseguia
decidir o que fazer da vida, viajou para alguns lugares, sem definição para
trabalho, nada, achava que estava enlouquecendo, começou a beber
descontroladamente, não aguentou, estava tentando se matar, não podia mais
continuar, resolveu voltar, em nenhum momento, ela o procurou, e quando
retornou, e se deparou com ela, ela estava em casa, sim era apenas uma sombra
da sua mulher, um fantasma, sentada numa poltrona no quarto do casal, olhando
para fora, pela janela, a chuva que caía insistente naquela cidade, chuva
eterna, ela estava tão magra, sua pele, cinzenta, seus olhos vazios, vestia um
pijama que parecia há séculos não ser trocado, os cabelos escorridos e sujos, o
quarto, não era arrumado ao que parecia desde a sua partida, provavelmente ela
não tivesse saído daquele cômodo para quase nada, a casa quando entrou estava
do mesmo jeito, até mesmo o cinzeiro que estava na cozinha quando partiu,
estava lá com as bitucas dos cigarros que ele havia fumado, do mesmo jeito,
tudo igual, parecia que nenhum dia havia se passado na casa, ela não movera
nenhum copo ali dentro desde a sua saída.
-Querida.
Ela o olhou como quem olha para uma
assombração, os olhos se arregalaram.
-Eddie!
Ele a arrancou da poltrona com
raiva, a segurando nos braços com força num abraço raivoso.
-O que aconteceu com você?
-Eu...não posso...
-Me perdoe, eu achei que podia
esquecer tudo isso, ficar longe dessa loucura toda, essa maluquice, mas não
posso, meu bem, não posso ficar sem você, que se foda o resto, preciso ficar
com você, me perdoe.
-Você está aqui, eu nem acredito.
Ela o agarrava pelo pescoço como para garantir que era real sua presença,
chorava.
-Por favor, não me deixe assim, eu
queria morrer e não conseguia, tentei tantas vezes acabar com tudo e não pude,
essa merda dentro de mim não deixa eu acabar com tudo.
-Graças, eu não poderia continuar se
você terminasse, devo agradecer essa merda então, me perdoe querida, fui fraco
eu sei, não deveria ter partido e deixado você aqui com os animais, agi errado,
fui covarde.
-Chega, não quero ouvir isso de
você, de todos nós, o único que não pode ser condenado a nada é você, você é
meu anjo, minha salvação, sem você eu já estaria queimando no inferno, o demônio
já teria levado minha alma danada, você Eddie, foi o único que não pôde ser
atingido pela droga, e eu agradeço tanto por isso, você é tão superior a todos
nós, e eu sou tão baixa, você sabe porque estou dizendo isso.
-Ora, esqueça, veja você, como está
magra meu bem, o que andou fazendo? quanto pó você cheirou aqui sozinha?
-Não sei te dizer. Tentei fazer uma
overdose e não consegui, tentei de tudo pra me matar, não consegui.
-Querida...
Eddie tinha lágrimas nos olhos,
pegou sua amada com cuidado no colo e a levou para a cama, a deitou e ficou ao
seu lado abraçado apenas, sentindo o contato de seu corpo, queriam apenas a
felicidade de estarem unidos novamente, ela não tinha condições de nada além
disso nesse momento, estava completamente debilitada e doente, dormiu nos
braços de Eddie como se fosse uma criança que reencontra o carinho perdido e se
sente protegida novamente, ele chorava baixo, sua tristeza.
Só que dessa vez ele não partiria,
ele ficaria e a esperaria, as coisas estavam se complicando, ele não a deixaria
com Scott, ele já a fizera sofrer demais, já a machucara física e
psicologicamente por muitos anos, não gostava de Scott, nunca gostou, eram
rivais declarados, quando conseguiu resgatá-la de Scott, foi talvez o dia mais feliz da sua vida,
ele afinal deu paz ao casal, viu que não podia mais lutar com o amor deles, mas
ainda assim, detestava saber da ligação dos dois, não sabia direito o que
acontecia, nem queria saber, só sabia que a ligação era muito forte, mais
intensa do que gostaria, ela tinha lá uma devoção estranha que ele não entendia
muito bem e não podia pedir que ela renunciasse a isso, ela amava Scott a seu
modo, era uma ligação estranha, ele era de certa forma o criador dela, ele a
fizera do jeito que era hoje, ela e o irmão, então que chances ele tinha de
lutar contra esse homem? Resolvera aceitar isso sem discutir se era certo, bom
ou ruim, era assim e a amaria sempre, estranho ou não, ele também era
desajustado não é, fora por isso que seus caminhos se cruzaram, então que fosse,
estariam sempre juntos. Jamais iria conviver com Scott, sentia uma aversão
natural, ciúme, seja o que fosse.
Ela estava pronta para voltar para
casa, Scott já sabia que ela iria embora, era bom, ele precisava acertar contas
com o bispo, e não queria ela por perto, iria pegar uns dois ou três para
descontar o que fizeram com Peggy a travesti.
-Você tem certeza que vai fazer
isso?
-Claro garota, não vou deixar aquele
merda agindo por aí, já chega a bosta toda que anda fazendo na cidade, não vai
pegar minha gente pra se vingar de mim, esse fanatismo religioso, essa merda
que ele criou, isso nem é real, ele inventou tudo, falsa igreja do caralho.
-Eu sei, vamos com calma, preciso ir
embora, ver o Eddie, ele deve estar preocupado, não posso deixar ele sozinho,
tenho medo que apareçam por lá e façam mal a ele.
-Ninguém vai chegar perto do seu
brinquedinho garota, sempre tem gente minha olhando aquela casa.
-Eu agradeço, mas mesmo assim
preciso voltar, sinto a falta dele.
Scott pareceu contrariado com essas
palavras, foi até a escrivaninha que estava a um canto, tirou um saquinho com
pó, esticou alguns tiros ali numa pequena bandejinha de prata, aspirou dois, e
levou até ela o restante, fazendo com que ela aspirasse, começou
instantaneamente a passar as mãos pelo pescoço dela, segurando com força os
cabelos, e virando seu rosto para beijar sua boca com violência, as mãos
começavam a descer para os seios, rapidamente para o meio das pernas, ela usava
um vestido leve, Scott, já enfiava a mão dentro da calcinha e a empurrava para
o sofá, ela obedecia ansiosa como sempre.
-Venha garota, seja minha mais uma
vez.
-Ahh...Scott...
Ela não tinha como evitar o contato
com Scott, ela amava Scott de forma diversa a Eddie, era um amor doentio,
violento e submisso, ela dependia dessa dor, com Eddie era o amor puro, doce,
vital, que era necessário para sua sobrevivência sem Eddie ela não continuaria.
Scott mais uma vez a violentava com
desejo animal.
Partiu para casa para encontrar
Eddie, precisava sair de perto desse mal todo, sabia que agora Scott agiria com
violência contra os inimigos e precisava se refugiar por um tempo, estava com
medo apesar de saber ser tão forte quanto Scott, mas agora tinha Eddie, não
queria participar da coisa nesse momento.
Estava ligando o carro quando sentiu
o puxão no cabelo e algo gelado encostando na sua garganta.
-Quieta, agora, tira a mão da chave
bem devagar.
Eram dois, um deles já estava com a
seringa injetando a coisa que a impedia se se transformar, que congelava seu
sangue, ela estava em pânico. Rapidamente a tiraram do banco do motorista, um
deles assumiu o volante, ligando o carro e partiram, o outro a puxou para o
banco de trás amarrou suas mãos com uma fita adesivas, dessas ultra
resistentes, e começou a falar coisas nojentas pra ela, de como a machucariam e
a violentariam agora que ela era a presa preciosa.
-Vamos brincar com você, coisinha
deliciosa, passava as mãos grosseiras no meio das pernas dela, até chegar na
calcinha, e enfiava os dedos dentro dela com força, ela apenas fechava os
olhos, em desespero.
-Uh, que delícia, e forçava mais pra
dentro os dedos. Imagina quando eu enfiar meu pau, que gostoso que vai ser
hein.
-Hey cara, calma aí também quero
brincar com essa delícia.
O homem que estava com ela no banco
de trás, a machucava com as mãos e falava essas nojeiras, lambia seu rosto e
sua boca.
-Gostosa, meu pau tá duro, acho que
vou fazer você chupar ele agora mesmo. Gargalhava
enquanto enfiava a mãos mais fundo dentro dela.
Eram homens do bispo, que tinham
recebido ordens de raptá-la, ele decidira declarar guerra abertamente a Scott,
decidira exterminar todos os inimigos, queria purificar a terra, e ser o líder
santificado e escolhido com o poder supremo para abençoar a terra e dominar com
o medo a população, para isso precisava eliminar os mais fortes, precisava
pegar as pessoas mais importantes para Scott os dois irmãos, começou pela
garota, o rapaz era mais difícil de ser achado.
Seguiram as ordens expressas do
bispo e a levaram para um lugar onde jamais poderia ser achado por alguém de
Scott.
A noite já havia caído, escura fria,
a chuva infinita naquele lugar, Layne andava por aquela cidade como se não
sentisse o frio nem a chuva, parecia
mais uma fantasma caminhando, passava quase despercebido, pelos lugares,
sempre detestou chamar a atenção para sua pessoa, usava sempre uma calça jeans,
botas no estilo coturno, camisetas e jaqueta de couro, a coisa mais comum
naquele lugar, naquela época era bom estar com luvas, sim, mas ele não as tinha
agora, procurou por cigarros nos bolsos da jaquetas, acendeu um, o frio estava
realmente cortante, achou que precisava pelo menos ligar para sua irmã e deixar
um recado dizer que estava ok. Procurou um telefone, começou a discar, esperou
o toque de chamar, nada, direto na caixa de mensagens, estranho, ela nunca
desligava o celular, justamente para poder receber seus recados sempre que
precisasse. Layne se sentiu inquieto, talvez fosse apenas uma coincidência, a
bateria tivesse arriado, mas ele sabia que não.
-Eddie, vou falar com ele talvez ela
esteja lá.
Discou para o amigo.
-Eddie?
-Quem é? Tom desconfiado.
-Layne cara.
-Hey! Rapaz onde você está? Está perto? Venha para
casa.
-Não, ela está aí com você?
-Não, foi pra lá, estou esperando
ela voltar, deve estar para voltar por esses dias, não sei direito, porque? Tem
falado com ela?
-Não cara, não falo com ela há muito
tempo, desde que saí de lá, você sabe, apenas deixo recados, mas contato
direto, não tenho feito, acontece que tentei ligar...sei lá, precisava entende,
não sei explicar, mas ela não atendeu, caiu na caixa postal, achei estranho, só
isso, por isso liguei pra você achei que estavam juntos, mas tudo bem, ela deve
estar numa brisa sei lá, alguma coisa assim, você sabe como é.
-Sei, mas mesmo assim fico
preocupado, sei que estão cuidando dela e tudo mais, mas tudo me preocupa,
garoto, você pode vir pra podermos conversar um pouco, você passa a noite aqui.
-É melhor não cara, não estou em
condições.
-Porra, acha que sou tão puritano
assim? Você pode vir pra cá, se quiser passa a noite aqui, usa seus baratos por
aqui mesmo.
-Não, é arriscado, por você cara.
-Ok, me dê notícias.
-Ok.
Desligou o telefone, mas a
preocupação apenas aumentou, sentia que havia alguma coisa errada, seria hora
de procurar Scott? Era o que mais temia. As dores recomeçaram, a angústia, a
cabeça girava, o estômago embrulhado de nojo, teria que se encontrar com Scott
novamente, as lembranças voltando com força, as palavras ecoando outra vez nos
seus ouvidos, aquilo tudo, ele não queria, não podia lidar com tudo aquilo
outra vez, não ia conseguir.
-Eu preciso.
Começou a caminhar rapidamente,
sentia dores, mas precisava, sua antiga casa era longe, afastada estava a pé,
não haveria outro meio de chegar lá, teria que caminhar, parou numa ruela
estreita, cheirou um pouco do pó que trazia.
-Bem, pelo menos agora as dores vão
passar por um tempo, e vou andar mais rápido, que se foda.
Caminhou por algumas horas, sempre
parando em lugares vazios, cheirando seu pó maligno, ficando acelerado, com o
corpo enrijecido, fumando um cigarro atrás do outro, sem sentir a chuva que
caía, usava uma jaqueta de couro apenas, os cigarros se molhavam com a chuva,
ele maldizia o tempo com os dentes trincados, e caminhava, em breve estaria
chegando. Tinha vontade de voltar atrás, não queria encontrar com aquele homem
nunca mais na sua vida, jurara para si mesmo que não pisaria naquela casa nunca
mais, toda aquela merda que ele cuspira na sua cara era mentira, não fazia
sentido, ele era um pervertido nojento, e usava isso tentando perverter e
corromper todos ao seu redor, fizera isso com sua irmã, a forçara e ela acabara
se submetendo aos desejos daquele homem, porque Scott fez isso? porque se
tornou aquele homem asqueroso, era como um amigo querido no começo, depois
começou a mostrar sua verdadeira face, e os enganou, os fazendo ingerir aquela
merda, que os fez serem o que eram hoje, essa coisa maldita, Scott os
amaldiçoara mais do que já eram malditos, já tinham passado por tantas coisas
juntos, ele e a irmã, e Scott apareceu prometendo coisas, e ajuda, que no
começo pareciam verdade, e depois os jogou naquela guerra particular, que se
transformou numa coisa sem fim e se espalhou por toda a cidade, crescendo a
cada dia, contaminando tudo, pessoas inocentes, aquela coisa entre ele e o
bispo, cresceu tomando proporções sem controle, atingindo pessoas que nem
imaginavam estarem sendo alvo das vaidades daqueles dois monstros.
Estava perto da casa, suas pernas
tremiam, seu corpo todo tremia, estava encharcado, seus cigarros tinham
acabado, seu pó também, sentia raiva, muita raiva, já podia ver a casa, luzes
acesas em várias janelas.
Estava na porta de entrada, ela se
abriu, Layne se assustou, ele não havia tocado o interfone ou batido, era
Scott.
-Se não é o garoto de volta.
-Não estou de volta.
-Então porque está parado na minha
porta?
-Onde ela está?
-Foi embora, você estava na
periferia? Bem, entre garoto, vamos, troque de roupa pelo menos.
-Não é necessário.
-Você é quem sabe, mas que porra!
-Quando vocês saíram de lá?
-Ontem, ela saiu, foi pra casa,
voltou para o brinquedinho dela, estava com saudades.
-Ela não chegou em casa, eu falei
com Eddie, ela não apareceu por lá ainda, ele pensa que ela ainda está com o
pessoal.
-Hey, o que você está dizendo? Calma
aí, ela foi embora, pegou um carro, eu vi.
-Caralho Scott! Layne estava
perdendo o pouco controle que ainda tinha.
-Estou te falando, mas que porra!
Ela não está em casa, não chegou, aconteceu alguma coisa! Você precisa colocar
esse bando de filhos da puta que trabalham pra você pra descobrir o que
aconteceu, ela não vai aguentar, entende? Se pegarem ela de novo, e ela passar
por aquelas coisas outra vez, ela não vai aguentar, Layne estava completamente
fora de si ele gritava e andava de um lado para o outro.
Scott o puxou para dentro da casa, a
chuva tinha aumentado, o frio era intenso e era arriscado ficar ali fora com a
porta aberta àquela hora.
-Entra caralho!
Entraram. Layne estava acabrunhado
de ter que pisar ali de novo, estava ensopado, com frio, deprimido e cansado da
longa caminhada e Scott não fazia menção de convidá-lo para sentar-se.
-Pode me arrumar um cigarro?
-Tome, fique com o maço, o que
aconteceu com você rapaz, está um trapo, andou se perdendo o suficiente pra
ficar sem nada?
-Não é isso, o assunto não sou eu,
ok? Você vai fazer alguma coisa, ou vou ter que procurar sozinho?
-Acha que consegue achar ela
sozinho? Suas capacidades evoluíram a este ponto? Já pode voar também? Foi
assim que chegou aqui? Scott ria irônico.
-Não, vejo que não foi, pelo seu
estado, veio na caminhada não é?
-Caralho, vou embora, já te dei o
recado, vou atrás dela.
Layne começou a se dirigir para a
saída, mas Scott o interrompeu.
-Layne.
Dificilmente ele o chamava pelo
nome, isso o paralisou, mas continuou de costas para Scott.
-Fique, preciso que fique aqui, me
ajude, algo aconteceu, na verdade, algo está acontecendo, aquele merda, está
começando um ataque ao nosso pessoal, acho que pegaram ela.
Layne estremeceu ao ouvir aquilo,
não podia ser verdade, sua irmã, nas mãos daquele fanático, suas mãos se
fecharam numa raiva contida, ele fechou os olhos, não queria acreditar na que
tinha ouvido, respirava com dificuldade.
-Pegaram uma travesti, estão atacando
o pessoal nos becos, tem sido ataques ao pessoal das ruas, com pequenas
mensagens, ele quer exterminar o mal da cidade, e "nós" somo o mal,
aquele filho da puta!
O ódio de Scott o fazia rosnar,
nessas horas era possível ver o quanto ele podia ser cruel, seus olhos
mostravam todo ódio.
Eddie continuava esperando, sabia
que algo estava errado, não era comum o irmão aparecer assim procurando por
ela, eles se comunicavam lá do seu jeito, alguma coisa fora do comum estava
acontecendo, ele sabia, ela estava demorando para voltar, isso também, não
acontecia, ela nunca ficava tanto tempo assim sem dar notícias, ele não queria
ter que entrar em contato com aquele outro mas se precisasse, se as coisas
estivessem novamente fugindo do controle, se ela estiver em apuros novamente, o pior era que Layne nunca deixava
um telefone de contato, ele sempre vivia como um fantasma, sempre
desaparecendo, vivia errante se drogando por aí, só pelo fato de ter aparecido,
já era mais do que suficiente para deixar Eddie completamente certo de que as
coisas iam começar a se complicar outra vez.
Nenhum comentário:
Postar um comentário