V
O bispo, havia sido um belo homem,
porem com o tempo, acabou se tornando uma criatura abjeta e nojenta, o uso do
godsmack, talvez, tenha deformado seu caráter e seu corpo, ou tenha apenas
revelado o que ele possuía em seu interior, e trazido pra fora toda a imundície
da sua alma pervertida e fanática, tinha
hoje aspecto macilento, oleoso seu rosto tinha marcas originadas de feridas ou
pústulas, como varíola, sabe-se lá, tinha engordado pelo menos trinta quilos ou
quarenta quilos desde que deixara Scott, depois que desapareceu ninguém teve
notícias por anos de seu paradeiro, reapareceu com sua seita, pregando essa
coisa, que ele chama de religião, dizendo que o demônio anda na terra, não
muito diferente de outras religiões por aí, mas o que o difere dos outros, é
que ele carrega consigo o godsmack, que distribui, entre os fiéis, como o
milagre, que vai livrar a terra do demônio, o demônio que segundo ele é um belo
homem, que carrega consigo uma legião de belas pessoas, que se drogam, são
fortes, quase indestrutíveis, e disseminam a prostituição, o crime, e todo o
mal que há na cidade hoje em dia. E ele o guerreiro da glória divina está
disposto, junto com seu exército eleito a exterminar a todos eles, sem piedade,
com crueldade se preciso for.
O bispo esconde, de seus fiéis cegos
e ignorantes, toda a sua sujeira, toda
sua perversão, e seus gostos por crianças indefesas, e coisas mais estranhas
ainda, difíceis de serem imaginadas por pessoas comuns, ele descobriu que se
distribuísse o godsmack em pequenas doses, conseguia fazer as pessoas
desenvolverem medos e paranoias, e assim conseguia fazer com que ficassem sem
discernimento, dessa forma ele consegue
controlá-las, e dizer que tudo o que elas estão sentindo é culpa do demônio,
ele está fazendo coisas, deixando as pessoas violentas, com vontade de fazer
sexo bizarro, com pensamentos ruins, e outras coisas, ele penitencia os fiéis
com crueldade, usa de violência, aplica castigos, os prende em jaulas, como
formas de mostrar a purificação em público.
Quando seus homens chegaram com
Penny, ele estava num desses seus momentos de "diversão", com uma
garota de no máximo doze anos, ele a obrigava a chupá-lo, a garota chorava, ele
puxava seus cabelo com força, e a obrigava a engolir o membro inteiro a fazendo
engasgar, ela soluçava, ele gemia de prazer vendo o desespero da garota, e
dizia baixo que era para que ela se purificasse, que nunca mais roubasse.
-Vamos, criança, chupa, e se
purifique, seja abençoada! Ele gritava! Em seguida levantava a garota com
violência e a jogava num sofá, abrindo suas pernas e começando a lambê-la como
um animal, nesse momento as batidas na porta.
-Maldição! quem é o maldito filho da
puta! Abriu a porta.
-Desculpe interromper bispo.
-Foda-se, agora já brochei, foi até
a garota, e a puxou.
-Levem embora, deem dinheiro
suficiente pra ficar quieta, ainda vou querer terminar o que não fiz nessa daí.
-Trouxemos a garota.
-Ótimo, vamos deixá-la isolada por
uns dias, pra enfraquecê-la, sabemos que aquilo é um monstro, não podemos
vacilar, colocaram, ela onde eu mandei?
-Sim, bispo, está lá embaixo,
completamente isolada, ninguém vai achar ela nunca, ela pode gritar pro resta
da vida, não tem como descobrir onde ela está.
-Bom trabalho rapazes, bom trabalho,
podem se divertir com uma garotinha hoje, ou o que vocês quiserem garotinhos, a
porra que quiserem, a maldita orgia que quiserem, escolham.
-Obrigado bispo.
Os capangas não cabiam em si, fariam
a farra, sabiam que quando o bispo liberava a farra, entregava pra ele,
crianças, meninos e meninas, eles faziam o que queriam, machucavam, queimavam,
torturavam, drogavam, violentavam, eram uma diversão.
Esses homens eram criaturas, da mais
baixa espécie, treinadas pelo bispo para agir como torturadores, e sentir
prazer, foram criados para isso, sentiam prazer, quanto mais frágil a criatura
em suas mãos, maior o prazer que sentiam, seus cérebros foram preparados, uma
monstruosidade sem fim.
As ruas estavam agitadas, as
notícias estavam circulando sobre os ataques aos travestis, pensava-se de
início que eram ataques ocasionais de algum maníaco, mas depois foi preciso
avisar ao pessoal das ruas que era uma retaliação dos fanáticos, que seria preciso
tomar cuidado, que o contra-ataque ia começar também, que os fanáticos
sofreriam ataques, perigo nas ruas. Scott era impiedoso, ainda mais quando
sofria ataques da forma como estavam acontecendo, ele mostrava todo seu lado
animal.
Scott estava circulando pela cidade,
pelos cantos, como ele costumava dizer, queria ver como as coisas estavam,
saber o que andava acontecendo, quem estava nas, enfim se inteirar dos
assuntos, sempre fazia isso.
Por acaso, encontrou com Roberto,
que estava com um grupo de travestis na rua, pareciam inquietas e agitadas,
falando alto, todas falavam ao mesmo tempo, quando viram Scott se aproximando,
aquietaram-se aos poucos, e procuram se dispersar discretamente.
-Veja se não é o homem mais
delicioso dessa cidade. Roberto sempre tinha palavras lisonjeiras e brincalhonas
para Scott, mesmo em situações de conflito, eram amigos, tudo que já tinham
vivido, Scott também "criara" Roberto, o trouxera junto com os
irmãos, Roberto era mais velho que os outros dois. Scott tinha um laço de
amizade diferente com ele, era mais confidente e conselheiro, depois de muitos
conflitos estabeleceram uma amizade sólida, Scott salvara a vida de Roberto
diversas vezes, e Roberto também por assim dizer, dedicava lealdade a Scott.
Fora Roberto quem sugerira que
deviam criar seu exército com as minorias, trazer essas pessoas marginalizadas
para estarem ao seu lado, sabiam que o bispo tentaria destruir todos eles,
e se essas pessoas soubessem que tinham
alguém a quem recorrer, um espécie de protetor, eles seriam como soldados,
dispostos a morrer defendendo as ruas e seus irmãos nessa maldita batalha que
aquele fanático infernal e lunático resolvera travar, o godsmack deve ter
destruído sua razão, afetado aquela cabeça de merda.
-Hey garota como está, se divertindo
muito?
-Sabe que não me divirto mais ultimamente,
agora sou uma "mulher de negócios", preciso cuidar dessas crianças
perdidas, vejas quantas estão jogadas nas ruas, olhe como o estão aumentando,
cada vez mais, fumando pedra, virando zumbis, morrendo pelos cantos.
-Sim, tem acontecido muito mesmo,
tenho tentado tirar essa merda daqui, mas os filhos da puta do bispo se
encarregam de espalhar cada dia mais, se deixassem só o pó seria mais fácil de
lidar, essa merda dessa pedra, porra, não dá, ainda mais agora, que ele está
usando godsmack nas igrejas, agora está fodendo tudo de vez.
-Você tem certeza? Ele está usando
mesmo?
-Absoluta, as ondas de violência
gratuitas, em mulheres comuns, pais de famílias, tudo gente da igreja dele,
você não tem percebido?
-Na verdade não, estou mais
preocupado com as meninas nas ruas, e o que elas vem sofrendo.
-Estou sabendo, por isso estava
dando meu giro.
-Sei que você não ia deixar as
crianças abandonadas.
-Não, não vou deixar, precisamos
começar ir atrás dos caras, começar a arrebentar com o bispo, botar pra foder,
como se diz por aí.
-Esse é o Scott que eu conheço.
-Vamos precisar usar nossas
capacidade de alteração, está disposto viado?
-A sentir todas aquelas dores, e
aquelas coisa circulando no corpo com o nosso godsmack? Ele ria alto. Adoro,
estou mais que preparado.
-Tem mais uma coisa.
-Diga meu bem.
-O bispo pegou ela.
O pavor no rosto de Roberto era
indescritível, ficou pálido na hora, sua boca entreaberta não emitia nenhum
som.
-Vamos precisar agir com cuidado,
eles estão com ela, e a coisa é muito delicada agora.
-Eu...eu...não acredito...porque
você demorou tanto pra me dizer?
-Exatamente por isso.
-Você sabe o que podem estar fazendo com ela
nesse exato momento?
-Se eu conheço bem aquele cretino, ele ainda não começou, ele está
deixando ela pra um momento especial, falava isso com raiva contida.
-O Eddie, o que vamos fazer com ele?
-Ainda não sei, minha vontade é de
dar fim nele, pra acabar com essa história também.
-Não seja idiota, ela mataria você
se você tocasse num fio de cabelo dele.
-Eu sei, e isso é o que mais me
irrita, ter que cuidar dele, por ela.
-Ele nem sabe que tem pequenos dons.
-Você está me dizendo que ela...
-Sim um pouco, pra deixar ele meio
protegido, sabe como é, ela tem medo que algo aconteça com ele, ela fez ele
ingerir sem saber, ele deve ter desenvolvido alguma coisa mas não sabe.
-Caralho!
-Bem, meu querido, precisamos agir,
você vai procurar o filho da puta?
-Sim, é nisso que estou pensando
agora.
-Mas então, primeiro temos que
pensar o que vamos fazer com o Eddie, ele vai me procurar com certeza.
-O problema, é que o idiota do Layne
foi lá, na casa deles, procurar pela irmã, e deu margem para a desconfiança do
outro, percebe agora? Que qualquer coisa que façamos ele vai desconfiar, ele
vai querer falar com ela, perguntar onde ela está, o cara não é um idiota
completo.
-Porque você o menospreza tanto
assim? Porque ele a tirou de você? É isso?
-Cala essa boca viado do caralho! Ele
não me tirou nada, ela nunca me deixou de verdade, ela sempre volta, ela está
sempre comigo, ele é só o cara bonzinho, que encantou ela.
-Não é bem por aí, sabemos bem
disso.
-Olha, aqui, Scott estava começando
a ficar irritado, não vamos ficar aqui discutindo sentimentos, não é hora pra
isso, não vê? Preciso pensar e você tem que me ajudar, mais que porra! A minha
vontade é de invadir aquela merda que ele chama de igreja, arrebentar com tudo.
-E acha que fazendo isso ele ia te
entregar ela.
-Sei que não.
-Vou pra casa, o garoto está lá,
você procure o brinquedinho e faça o que achar melhor, não quero saber, apenas
mande ele ficar quieto e esperar, se eu precisar, vou mandar meus rapazes
levarem ele a força daqui entendeu? Deixe isso bem claro pra ele, ele nunca
quis se envolver com a gente, bem, agora é a hora dele ficar bem longe e me
deixar agir. Virou as costas e saiu, sem mais. Roberto sabia que esse era o
jeito de Scott finalizar as ordens, e que sua palavra era definitiva, ele teria
que dar um jeito de controlar Eddie, e fazê-lo ficar a salvo, se se envolvesse
agora, seria aniquilado num piscar de olhos.
Scott caminhava rápido, fumava um
cigarro, foi em direção a seu carro, dirigia veloz, chegou em casa, procurou
por Layne, não o encontrou nos cômodos debaixo, sabia que deveria estar lá em
cima provavelmente usando alguma merda qualquer, ele era completamente
descontrolado, talvez agora com sua irmã refém, não conseguisse mais, talvez
tivesse chegado no limite e estivesse tentando dar cabo da própria vida, já
tentara tantas vezes, o rapaz era tão forte, nada do que ele tentou dera certo,
quem sabe se cortasse o pescoço, talvez o ajudasse uma hora dessas, o amava demais para conseguir fazer isso, e ainda não tinha
conseguido o que queria tanto.
Subiu, procurando pelos vários
quartos da casa, encontrou Layne em um deles, estava realmente jogado numa
cama, mas não parecia estar drogado ou nada parecido, ao contrário, estava
quieto, mas não dormia.
-Layne.
-Sim, estou acordado, não posso
fechar meus olhos sem imaginar por um segundo sequer onde ela pode estar, e o
que estão fazendo com ela agora. Começou a chorar.
-Acalme-se, ela deve estar em algum
lugar, como reserva de negociação, mantenha a calma, ok?
-Aquele verme, não é tão burro
assim, ele não ia usar seu maior trunfo na primeira jogada, ela será sua última
carta.
-Pode ser, mas eles podem estar
machucando ela, como das ouras vezes, ela não vai suportar mais isso Scott.
-Sei, me lembro o que você da última
vez, um trabalho e tanto com aqueles quatro, mas o jogo agora é mais complexo,
o cara quer algo mais, ele quer o poder completo, talvez queira negociar minha
rendição em troca.
-E se não quiser? E se estiver só
nos eliminando mesmo?
-É o que vamos ficar sabendo logo.
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